- Vereadores pedem
investigação do Tribunal de Contas, da Polícia Federal e do Ministério Público
Federal
MONTES CLAROS (por Márcia
Vieira) – As denúncias de fraude nas contas do município na gestão de Humberto
Souto podem resultar no impeachment do prefeito de Montes Claros. A situação,
considerada como “pedaladas” fiscais, é equiparada à que causou a saída da
presidente Dilma Rousseff.
Os relatórios com os
dados que comprovariam a irregularidade já foram levados ao Tribunal de Contas
do Estado (TCE), na última quarta-feira, e, ontem, à Polícia Federal e
Ministério Público Federal (MPF).
As apurações do que seria
uma manipulação das contas públicas do município foram feitas pelos vereadores
Fábio Neves (PSB), Ildeu Maia (PP), Sérgio Pereira (DC) e Marlon Xavier (PTC).
Como O NORTE vem mostrando desde a semana passada, o Executivo municipal não
prestou contas dos investimentos em educação ao Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) – o que impede a cidade de receber verbas
federais.
Foto Márcia Vieira
MAIS UM PASSO – Vereadores Sérgio Pereira, Ildeu Maia e Fábio Neves protocolaram denúncia no Ministério Público Federal.
Além disso, o prefeito
assinou um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) com o Tribunal de Contas do
Estado pedindo para corrigir as declarações contábeis enviadas para o órgão,
alegando que teve problemas no sistema.
No entanto, na última
semana, os parlamentares se depararam com decretos retroativos a 2017
publicados no Diário Oficial. O documento mostrou que a contabilidade alterou
dados para tentar corrigir os índices que não foram atingidos em pastas como
educação e saúde.
Em vez dos 25% exigidos
pela lei em investimentos na educação, foram aplicados 24,6%. Já em saúde, o
município aplicou metade dos 15% obrigatórios – 7,4%.
São cerca de R$ 78
milhões que deixaram de incrementar o orçamento dessas áreas e que podem ter
sido desviados para outras ações do Executivo.
MANOBRA
O vereador Fábio Neves
explicou que a Prefeitura de Montes Claros teve as contas de 2017 rejeitadas
pelo TCE. Dessa forma, entrou com o pedido de TAG alegando um problema no
sistema operacional. O pedido, autorizado pelo TCE, permitia apenas o reenvio
das informações em um prazo determinado.
“Após essa autorização, o
Executivo passou a revogar decretos orçamentários suplementados de 2017 e 2018,
fazendo novos decretos com nova suplementação e com efeito retroativo. Isso é
uma prática ilegal e nos foi confirmado pelo Tribunal de Contas. Não há
autorização nem da Câmara nem do Tribunal para essa prática, porque ela mexe
com a contabilidade”, disse Fábio Neves.
“A TAG permitia apenas o
reenvio das informações. Mediante essa situação e com a negativa da prefeitura
em fornecer o detalhamento das contas, solicitamos ao Tribunal que seja feita
uma inspeção na prefeitura, porque acreditamos que o estrago pode ser muito
maior”, afirmou Neves.
O vereador Ildeu Maia
disse que, confirmadas as situações apontadas, é possível que a Câmara abra um
processo de impeachment contra o prefeito Humberto Souto.
Ildeu, Fábio Neves e
Sérgio Pereira foram ao Ministério Público e à Polícia Federal protocolar o
pedido de investigação.
O procurador Municipal,
Otávio Rocha, estava em consulta médica e até o fechamento da edição não
retornou as ligações.
ILUMINAÇÃO
Além dos problemas na
educação e saúde, os vereadores apontaram que houve o desvio de R$ 8 milhões da
iluminação pública. “Foi aprovada na Casa uma dotação orçamentária de
iluminação. Os valores de contribuição da iluminação só podem ser gastos com o
setor. O município agora fez a revogação desse decreto e apresentou uma nova
dotação, retirando os R$ 8 milhões para pagar asfaltamento de vias. Não se pode
criar gasto sem a dotação apresentada na Câmara”, alerta Fábio Neves. (Fonte:
jornal O Norte)
Comentários