- Referência em urgência e
emergência na Serra Geral, hospital de Janaúba a um passo do colapso e poderá
fechar as portas a qualquer momento
- Funcionários são quem têm
segurado as pontas do Regional, mas a categoria está desmotivada diante dos
baixos salários e da falta de depósito do FGTS
- Entre falta de materiais
e medicamentos, e até falha na escala de plantão médico, Hospital Regional
precisa de segurança interna e externa para assegurar a integridade física dos
funcionários e pacientes
- Instalação elétrica do
hospital é antiga e não suporta a demanda exigida para o funcionamento de
aparelhos, caso do tomógrafo e outros equipamentos essenciais
- Audiência Pública será às
9h de terça-feira, dia 22, no auditório da Apae de Janaúba: reunião aberta e
com participação do povo
Foto Oliveira Júnior
Hospital Regional de Janaúba: em primeiro plano o acesso pelo pronto socorro.
JANAÚBA (por Oliveira
Júnior) – Na próxima terça-feira, dia 22 de outubro, às 9h, haverá uma
audiência pública sobre a situação administrativa, financeira, técnica e
estrutural do Hospital Regional de Janaúba. É bem provável que seja mais um
capítulo na história do sistema de saúde hospital deste município e que atende
pacientes de comunidades de várias localidades do Norte de Minas e do Sudoeste
da Bahia.
Mantido pela Fundação
Hospitalar de Janaúba e ligado indiretamente à prefeitura desta cidade, o Hospital
Regional é uma referência em urgência e emergência. Contudo, essa unidade há
anos se encontra em crise e constantemente a mesma fica literalmente “no CTI”,
em situação de colapso devido à falta de recursos financeiros, técnico e estrutural.
A audiência pública será
no auditório da Apae, nesta cidade, embora alguns integrantes do Conselho
Curador do Regional tenham proposto que essa reunião aberta e com participação
pública fosse no Centro Cultural do Sindicato dos Produtores Rurais de Janaúba.
O certo é que o raio-x da vida desse hospital não é nada animador e pelo
relatório é preciso que haja o chamado choque de gestão nessa unidade de
atendimento de urgência e emergência.
Mergulhado em dívidas que
se acumulam há anos e com várias mudanças de diretorias em curto espaço de
tempo, o Regional ainda se encontra em plena atividade, mesmo em precárias
condições, graças à dedicação dos seus funcionários, principalmente dos
técnicos, que percebem possivelmente o menor salário da região e sem nenhuma
perspectiva de reajuste no salário. Aliado à essa desmotivação, os
profissionais ainda deparam com outra situação um tanto preocupante: há quase
cinco anos não há registro de depósito com relação ao FGTS.
Apesar de ter modernos
equipamentos essenciais no tratamento dos pacientes, o Regional vivencia há
meses com a inoperância, por exemplo, do tomógrafo. Até houve conserto desse
aparelho. Mas, o tomógrafo não tem funcionado diante de nova inoperância
técnica provocada pela precariedade da instalação elétrica no complexo hospital
de Janaúba. Para resolver esse problema é necessário um novo sistema da rede de
recebimento e de distribuição de energia.
Para poder receber mais
recursos financeiros, o Regional deveria aumentar o número de leitos. Isso não
seria somente a questão matemática com mais quartos e camas para acomodar
pacientes. Independentemente da quantidade de leitos, o funcionamento do Hospital
Regional de Janaúba é imprescindível e comprovadamente necessidade de mais
recursos governamentais, com aumento ou não do número de leitos. A justificativa
é de o município teria que ter, no mínimo, 200 leitos para receber mais
dinheiro. Norma chata e fora da realidade. Nem dobrando a atual quantidade de
leitos dos dois hospitais, o Regional e o da Fundajan, Janaúba alcançaria essa exigência
mínima. Um mero capricho matemático.
Ao longo deste ano não
tem sido raro os momentos da falta de materiais e medicamentos no Regional. A
crise só não agravou porque algumas lideranças e a população se uniram numa
ação solidária para arrecadar recursos – o resultado superou a expectativa e
até então tem contribuído para minimizar o drama – com a finalidade justamente
em adquirir alimentos para pacientes e acompanhantes, aquisição de medicamentos
e materiais essenciais para a assistência médica hospitalar.
Com o histórico de atraso
de pagamento salarial entre dois e cinco meses, a direção tem tido dificuldade
para manter regularmente a escala de plantão médico e em algumas vezes,
sobretudo nos fins de semana, o Hospital Regional fica sem médico plantonista.
Essa situação não difere com o quadro dos técnicos. Já alguns meses a equipe
técnica atua com número reduzido, no limite. O hospital precisa reduzir gastos?
Sim. Porém, às vezes o “corte” de pessoal ocorre justamente em setor que não
poderia ser afetado.
Por ser a porta de
entrada da saúde, considerando que a maior parte dos atendimentos refere à
atenção básica, o Hospital Regional de Janaúba absorve em sua recepção centenas
de pessoas diariamente, sendo pacientes, familiares e amigos. Alguns até têm os
ânimos exaltados com o que classificam como a demora no atendimento.
Infelizmente tem sido
comum casos de furtos de objetos de funcionários e pacientes/acompanhantes por
parte de infratores que entram ilegalmente no complexo hospitalar. Há ainda
registros de agressões físicas e verbais e ameaças com os funcionários da
unidade hospitalar. Diante disso torna-se necessário que a direção do Regional
coloque em prática a licitação realizada pela contratação de vigilância com a
atuação no serviço de segurança interna e externa para assegurar a integridade
física dos funcionários e pacientes.
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