- Evento solidário tenta
arrecadar recursos para a instituição; falta até refeição para os pacientes
Foto Oliveira Júnior
SEM SAÍDA – Déficit em unidade de saúde chega a R$ 400 mil por mês.
JANAÚBA (por Márcia
Vieira) - A saúde em Janaúba pede socorro e a população se mobiliza para tentar
salvar o Hospital Regional, cujo atendimento é 100% realizado pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). A fim de arrecadar recursos para o hospital, entidades
públicas e privadas lançam o evento solidário “SOS Hospital Regional de
Janaúba”, marcado para o próximo dia 6 no Parque de Exposições da cidade.
Servidores se reuniram
nesta semana para traçar estratégias em busca do recebimento do 13º salário de
2018. A dívida do Estado com o hospital é de aproximadamente R$ 5 milhões.
Segundo informações de um servidor que pediu para não ser identificado, a
receita fica entre R$ 800 a 900 mil, com saldo negativo de cerca de 400 mil
todo mês. O mesmo servidor informou que está prevista uma paralisação ainda sem
data definida.
Foto Oliveira Júnior
Referência – Hospital Regional atende pessoas de 16 municípios da Serra Geral e
outros não filiados.
O Hospital Regional de
Janaúba atende moradores de 16 municípios da Serra Geral e outros não filiados.
De acordo com Juracy Fagundes, presidente do Consórcio da Serra Geral de Minas
e um dos envolvidos na campanha, o prejuízo é para toda a região. “A situação
financeira é tão grave que no momento falta até alimentação para os pacientes.
A expectativa de arrecadação neste evento é de R$ 100 a 200 mil, mas, como não
poderemos repassar o dinheiro, o montante arrecadado será revertido para compra
de insumos e materiais necessários e emergenciais”, disse Juracy.
A última ajuda que os
hospitais de Janaúba receberam, segundo o presidente da associação, foi durante
a visita do então ministro da Saúde Ricardo Barros a Janaúba, em 2017, por
ocasião do incêndio na Creche Gente Inocente. Na época, a então deputada Raquel
Muniz (PSD) articulou a liberação de R$ 1 milhão para cada um dos dois
hospitais locais. Posteriormente, o deputado Tadeu Martins Leite (PMDB)
destinou emenda parlamentar de R$ 300 mil.
“O dinheiro foi de
extrema importância, serviu para regularizar parte dos pagamentos, mas a situação
é muito grave, já que as despesas não param”, disse.
O governador de Minas,
Romeu Zema, visitou o hospital no último dia 21, mas não sinalizou nenhuma ação
prática para reverter o quadro.
“Nós recebemos a visita
do governador junto com o secretário adjunto de Saúde, mas ele não acenou com
nada de concreto. Foi o mesmo discurso feito em Montes Claros. Não podemos
pensar em um hospital desse fechado, mas a situação é gravíssima. Nós temos que
buscar com as lideranças políticas as emendas parlamentares para solucionar”,
disse o prefeito de Janaúba, Carlos Isaíldon Mendes.
O chefe do Executivo
afirmou que o hospital tem uma gestão própria, que está demissionária, e o
município está recebendo a instituição. “Estamos recebendo agora o hospital. A
fundação tem o seu conselho e diretoria executiva. A parte do município está
adimplente. Tudo que compramos de serviço está pago, mas o município está
quebrado e não nos dá condição de repassar recurso extra”, pontuou.
O presidente do Sindicato
Rural, José Aparecido, disse que entidades e sociedade civil tomaram a
iniciativa de realizar o evento face à demora do poder público de encontrar uma
solução. “Já fizemos este mesmo tipo de ação para o Hospital Fundajan, em 2012.
Naquela época, os resultados foram muito bons. A sociedade civil organizada
precisa assumir essa responsabilidade social e tentar minimizar o sofrimento do
cidadão que precisa de atendimento. Temos a parceria do delegado regional e do
prefeito Juracy, de Nova Porteirinha”, declarou.
O evento terá shows de
seis bandas regionais, leilão de animais e churrasco com boi e porco no Rolete
durante todo o dia. O valor do ingresso é de R$ 50.
A Diretora Administrativa
do Hospital, Lilian Gonçalves, está em férias e o substituto dela não foi
encontrado para falar sobre o assunto. A reportagem entrou em contato com a
assessoria do governador, mas até o fechamento da edição não obteve retorno.
(Fonte: jornal O Norte, edição de 29/03/2019)
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