MONTES CLAROS (por Girleno
Alencar) – O Instituto Prístinos, contratado para avaliar o projeto ambiental
de Riacho dos Machados, indicou que a construção da barragem de rejeitos previa
sua construção em material de argila, segundo a pesquisa da professora Patrícia
Morais Lima. O relatório mostra que a decisão pela impermeabilização desta
barragem não foi unanimidade dos executores da obra, nem do empreendedor e sim
resultado dos embates e questionamentos sobre a seguridade da barragem, que por
estar em afluente do rio Gorutuba e os riscos de contaminação dos lençóis
d’água e da barragem Bico da Pedra, instigou a pressão popular, impulsionando a
mineradora a adotar medidas de segurança mais complexas quanto à seguridade
desta barragem.
O laudo adverte ainda que
a ligação entre as cavas e a barragem é feita através de tubos espessos de
material plástico, onde as bombas podem ser usadas para o fluxo de material
líquido da cava para a barragem e vice-versa. Os tubos estão colocados
diretamente sobre o solo, aparentemente sem fixação adequada, passando próximo
das estradas internas e de estruturas do empreendimento. Este sistema não é
seguro, pois a tubulação fica exposta a riscos de colisão, por exemplo, com os
veículos que trafegam no empreendimento. Durante as chuvas de novembro/dezembro
de 2013 ocorreu uma rápida adição de volume de água na barragem, onde a cota
máxima ultrapassou o limite da lona plástica espessa, e, por conseguinte, o
material aquoso entrou em contato com o solo/substrato.
Essa situação obrigou a
Mineradora de Riacho dos Machados a bombear água da barragem para as cavas com
o objetivo de diminuir o volume de água da barragem. Este procedimento também
não é seguro, pois caso ocorram chuvas intensas, a velocidade de bombeamento
pode não ser capaz de assegurar o fluxo de água em direção às cavas em volume
suficiente para que não haja um novo extravasamento. Outras variáveis também
podem causar problemas nesse tipo de procedimento, como por exemplo, pane nas
bombas, rompimento da tubulação, etc. Uma vez que a barragem está impermeabilizada
e não possui vertedouro, surge uma questão fundamental: como o empreendedor
pode garantir a segurança dessa estrutura frente aos riscos tanto desse
procedimento, diante dos volumes pluviométricos não previstos.
As
observações feitas pelo laudo Prístino demonstram irregularidades e cuidados
elementares com a estrutura que compõe toda a barragem de rejeitos,
evidenciando problemas técnicos que em outra ocasião poderiam passar
“despercebidos” pelos responsáveis formais pela fiscalização e executores da obra.
(Fonte: jornal gazeta Norte Mineira, edição de 28 de janeiro de 2019)
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