Fotos Oliveira Júnior
Nelci Valter Rocha, o Moura, eternizado instrutor da fanfarra da EEMAA.
JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – Comovente a despedida que a comunidade de Janaúba,
principalmente a fanfarra da Escola Estadual Maurício Augusto de Azevedo
(EEMAA), o Colégio Estadual de Janaúba, prestou ao professor Nelci Valter
Rocha, o “Moura”, na manhã desta terça-feira, 18 de setembro. Ele faleceu ontem
após ficar um mês e meio hospitalizado devido à gravidade em decorrência do
acidente ocorrido no dia 31 de julho deste ano em estrada deste município. ( saiba AQUI)
Foto Oliveira Júnior
Em 7
de setembro 2016, Moura realizou um dos seus últimos atos no comando da
fanfarra do colégio EEMAA.
Por
mais de uma década, “Moura” foi o instrutor da fanfarra do colégio EEMAA.
Dezenas de pessoas receberam as instruções desse educador, seja pelo gesto com
as mãos ou pelos sons do apito indicando a mudança de ritmo da fanfarra,
principalmente nos desfiles cívicos. No desfile da Independência do Brasil, dia
7 de setembro deste ano, a fanfarra do colégio EEMAA havia reverenciado o
instrutor, com alguns integrantes em traje preto e irmanados na solidariedade à
família de “Moura”, que se mantinha internado no Hospital Regional de Janaúba.
Foto Oliveira Júnior
Direção do colégio EEMAA homenageou o instrutor Moura: reconhecimento em 7 de
setembro de 2014.
Ele
foi vítima de acidente envolvendo duas motocicletas. O professor Nelci, o
“Moura”, retornava do distrito de Vila Nova dos Poções, onde lecionava a
disciplina de Matemática. De acordo com o que foi apurado, o educador seguia em
sua mão de direção e em dado momento teve o seu trajeto interceptado por outra
motocicleta que, naquela ocasião, transitava em sentido contrário e, conforme
as apurações, veio de encontro com a motocicleta guiada pelo eternizado
instrutor da fanfarra do colégio estadual.
Foto
Oliveira Júnior
No dia 26 de setembro de 2014, a fanfarra da EEMAA comandada
pelo instrutor Moura, participou do desfile da primavera realizado pelo Jardim
de Infância Josefina Azeredo (Jija).
Em
consequência da colisão, “Moura” sofreu fraturas na perna e ferimentos em
outras partes do corpo, sendo necessário levá-lo com urgência ao hospital. Foi
submetido a cirurgias e passou vários dias em observação médica. Nos últimos
dias teve quadro de melhoras, contudo, na madrugada dessa segunda-feira ele não
resistiu em veio a óbito.
A
morte do instrutor de fanfarra Moura comoveu não somente a comunidade de
Janaúba, mas em outras cidades, caso de Nova Porteirinha, Jaíba, Montezuma, que
já contaram com a talentosa apresentação das equipes de fanfarras comandadas
por Moura.
Foto
Oliveira Júnior
Cinco anos atrás, ou seja, em 7 de setembro de 2013, Moura
durante a apresentação da fanfarra da EEMAA no desfile cívico na cidade de
Janaúba.
Entre
as lágrimas e a disponibilidade do público em despedir do educador Moura, seja
na capela São João Batista, ao lado do cemitério da Saudade ou no pátio do
colégio EEMAA, a fanfarra dessa escola se manteve em posição de sentido e em
silêncio. Os alunos estavam com os instrumentos através dos quais o “Moura”
sabia muito bem captar um som e assim retransmitia aos seus aprendizes com a
finalidade em contribuir de maneira ordenada e brilhante o ato cívico,
principalmente no dia 7 de setembro, em via pública.
Moura
era apaixonado pelos instrumentos musicais e não media esforços em capacitar os
seus aprendizes, homens e mulheres, mesmo que a cada ano houvesse renovação de
parte dos componentes. Não era difícil ex-alunos do colégio EEMAA se
prontificarem a comporem a fanfarra, levando se em consideração a excelência de
Moura na coordenação dessa fanfarra que, há mais de uma década, divide com a
fanfarra da Escola Estadual Rômulo Sales de Azevedo a atribuição em fazer ecoar
pela avenida o som do tarol e surdo acionados pelas baquetas, e ainda pelos
pratos e cornetas.
A
despedida ao mestre foi justamente do jeito que ele ensinava os aprendizes e, consequentemente,
encantava o público. O cortejo fúnebre passou pelo colégio estadual onde o
caixão com o corpo do professor Moura ficou no pátio e foi recebido pelos amigos
da fanfarra. O silêncio em respeito ao passamento pelo instrutor foi rompido
pela fanfarra, a fanfarra que por muito tempo ele lidou. O som dos instrumentos
captados nessa manhã, na despedida fúnebre, levava consigo o sentimento de gratidão
de cada integrante da fanfarra que teve o privilégio em aprender aquilo que o
mestre Moura gostava tanto de fazer.
Ele
buscava a inovação nos ritmos, sem deixar de lado o tradicional. O treino da
fanfarra às vezes incomodava os vizinhos, mas era preciso sobretudo com o
intuito de se apresentar ao público o extraordinário. Tudo sincronizado.
Adultos e jovens se encarregavam de tocar na fanfarra e, é claro, em obediência
aos comandos do líder Moura. Nada de cansaço. Ao final, cada um se sentia
realizado por ter participado ativamente do ato cívico. Os aplausos eram
intensos, inclusive com prevalecia a irreverência de Moura e equipe em incluir
na fanfarra o ritmo de músicas populares. A vibração do povo demonstrava o
carisma que a fanfarra tem conquistado.
Ao
mestre Moura, o nosso muito obrigado pela grandiosa e inesquecível contribuição
com o civismo, a disciplina, a história e a alegria dos janaubenses,
gorutubanos e visitantes.
Valeu,
Nelci Vater Rocha, o nosso estimado Moura pelas instruções gestuais e sonoras,
que rompem o silêncio e deixem o Moura emitir bons e agradáveis sons pelos
instrumentos musicais através da fanfarra.
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