JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – Entrou mudo e saiu calado. Ou então, quase ninguém nas
imediações da praça da igreja do bairro Barbosa ficou sabendo que na manhã
desta quinta-feira, dia 12 de outubro, o ministro da Saúde, Ricardo Barros,
esteve naquele local onde acontecia a festividade pelo Dia das Crianças, numa
organização da sociedade e de voluntários para alegrar a cidade, principalmente
as crianças, afetadas emocionalmente diante do trágico incêndio na creche no
bairro vizinho Rio Novo.
Enquanto
as crianças, jovens e adultos se divertiam, o ministro estava do outro lado da
cidade tratando da ajuda do governo federal ao município, sobretudo ao sistema
hospitalar de Janaúba que, segundo nota expedida por um médico, estão atolados
em dívidas de R$ 15 milhões e tinham previsões de paralisar as suas atividades
no final de setembro, mas foram mantidos diante do empenho dos profissionais e
do apoio da sociedade.
Foi
preciso que as autoridades cobrassem do ministro mais atenção à triste
realidade do sistema hospitalar de Janaúba. O presidente do Consórcio dos Municípios
da região da Serra Geral de Minas (União da Serra Geral), Juracy Fagundes,
prefeito de Nova Porteirinha, insistiu com o ministro da Saúde para atender as
reivindicações que assegurem o pleno funcionamento do Hospital Regional e do
hospital da Fundajan. O presidente da Fundajan, João Theago, foi taxativo e
ressaltou que os dois hospitais precisam de socorro financeiro com urgência sob
o risco de paralisarem as atividades. O Promotor de Justiça Jorge Barretos, da
Comarca de Janaúba, mostrou ao ministro a necessidade da ajuda governamental
por entender que essas duas unidades há muito tempo trabalham no sufoco.
O
ministro da Saúde anunciou na manhã desta quinta-feira, dia 12, o repasse de R$
2 milhões, sendo R$ 1 milhão para o Hospital Regional e R$ 1 milhão para o
hospital da Fundajan, isso porque levou um “puxão de orelha”, quer dizer, foi
severamente questionado pela demonstração de falta de consideração com a
situação financeira dos dois hospitais responsáveis por atendimento a diversos
municípios do Norte de Minas. Ele disse que a autorização desses recursos deverá
ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) na próxima terça-feira, dia 17
de outubro.
Helvécio
Albuquerque, diretor-técnico do Hospital Fundajan, comemorou a liberação, mas
fez ponderações dizendo que a medida resolve a situação emergencial.
"Apresentaremos todos os projetos solicitados pelo ministro para que a
gente possa ter aporte para manter essas unidades abertas. Esse recurso dá
fôlego para funcionar esse mês", pontuou Albuquerque.
A
vinda do ministro Ricardo Barros a Janaúba, justamente uma semana após o
trágico incêndio na creche, lhe serviu para um “puxão de orelha” dado por
representantes dos segmentos local e regional. No início da semana, o governo
federal, através dos ministérios da Educação e Saúde, anunciou a liberação de
R$ 8,7 milhões dando como referência o trágico incêndio na creche. Desses quase
R$ 9 milhões, quase a metade, ou seja, R$ 4 milhões, serão para hospitais de
Montes Claros e de Belo Horizonte, sendo R$ 2 milhões para unidade de cada
município.
Com
relação à Janaúba, pelo que foi anunciado, R$ 3,7 milhões serão para a
construção de duas creches (uma para substituir a creche incendiada) e de uma
quadra esportiva. O prefeito de Janaúba insiste em dizer que parte dos R$ 3,7
milhões não será utilizada para a construção da creche em substituição à que
foi incendiada, pois a nova unidade materna será erguida pela iniciativa
privada e não informa como será a destinação do dinheiro liberado pelo governo
federal. Ainda do montante anunciado, R$ 1 milhão serão, segundo divulgado na terça-feira
pelo governo, para o reembolso da prefeitura de Janaúba diante dos possíveis
gastos com a assistência às vítimas. Mas, no final da manhã de hoje o ministro
foi indagado pelo site do jornalista Oliveira Júnior sobre a ajuda para a
prefeitura de Janaúba, ele disse que aqui é gestão plena e, diante disso, os
recursos para os hospitais chegam via o poder público municipal, mas que a
prefeitura não será contemplada com os recursos.
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