De acordo com a ação, o ministro visa atrair
para o Paraná a produção e industrialização de hemoderivados essenciais ao SUS
e que, atualmente, são produzidos pela fábrica em Pernambuco
Foto
Oliveira Júnior
Ricardo Barros, ministro da Saúde.
O
Ministério Público Federal em Pernambuco (MPF-PE) entrou com uma ação civil
pública pedindo o afastamento cautelar do ministro da Saúde, Ricardo José
Magalhães Barros. A ação pede ainda a manutenção do contrato da União com a
Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), impedindo que a
fábrica saia de Goiana, na Zona da Mata Norte do estado, sem embasamento
técnico.
A
procuradora da República Silvia Regina Pontes Lopes aponta que o ministro
assumiu publicamente o interesse político em levar o "mercado de
sangue" para o Paraná. De acordo com a ação, o ministro busca
"esvaziar" as atribuições da Hemobrás visando atrair para o Paraná a
produção e industrialização de hemoderivados essenciais ao Sistema Único de
Saúde (SUS) e que, atualmente, são produzidos pela fábrica em Pernambuco.
"O
intento do Ministério da Saúde viola frontalmente os princípios da Administração
Pública inscritos na Constituição da República, notadamente o da eficiência e
moralidade", aponta na ação a procuradora.
O
G1 tenta contato com Ministério da Saúde.
Recomendações
Em
agosto, o MPF no estado já havia emitido três recomendações para impedir a
adoção de medidas "sem embasamentos científico, técnico e legal"
relativas à possível transferência da fábrica e mudanças na Hemobrás.
Na
recomendação de agosto, o MPF argumentou que era urgente a necessidade de
adoção de providências pelos órgãos responsáveis para impedir prejuízos
econômicos, financeiros e operacionais à Hemobrás, aos processos de aquisição
de tecnologias e ao interesse público. O MPF também visa garantir o aprimoramento
do Programa de Tratamento das Coagulopatias.
Também
havia sido recomendado que não fossem aprovadas e nomeadas para cargos de
gestão na Hemobrás ou no Ministério da Saúde pessoas que tenham vínculos
diretos ou indiretos com empresas privadas interessadas na transferência de
tecnologia de processamento de material plasmático ou de produção de
hemoderivados. A Procuradoria ressalta os casos de pessoas que já tenham atuado
em empresas farmacêuticas.
Também
consta dos documentos uma determinação para que seja justificada através de
estudos qualquer transferência de tecnologia para processamento de plasma e
hemoderivados para outras empresas, além das já incluídas no processo, como a
Shire Farmacêutica Brasil/Baxter Hospitalar e a Hemobrás.
O
MPF argumenta que essa fundamentação é imprescindível e que a construção de
fábrica da Hemobrás em Goiana já se encontra em estado avançado.
Investigação
O
Tribunal de Contas da União (TCU) também investiga a decisão do Ministério da
Saúde de suspender o contrato de parceria entre o laboratório irlandês Shire e
a estatal Hemobrás. A investigação visa apurar se houve irregularidade na
decisão, que pode ter relação com a construção de outra fábrica, na cidade de
Maringá, no Paraná, base eleitoral do ministro da Saúde, Ricardo Barros.
(Fonte: G1 PE)
https://g1.globo.com/pernambuco/noticia/mpf-pede-afastamento-do-ministro-da-saude.ghtml
Comentários