JANAÚBA (por Valdivan Veloso) – O incêndio
criminoso cometido pelo vigia de uma creche em Janaúba, na quinta-feira, dia 5
de outubro, despertou a atenção para a precariedade financeira enfrentada pelos
hospitais da cidade. O Hospital Regional e o da Fundajan afirmam estar com
repasses atrasados pelo Governo Estadual e isso pode levar as unidades a
fecharem as portas.
Em 2015, médicos do Hospital Regional
fizeram uma paralisação reivindicando melhores condições de trabalho. Na ocasião,
eles denunciaram a falta de estrutura dentro do hospital para realização dos
atendimentos, e afirmavam ainda que os salários estavam atrasados
No dia da tragédia, a Fundajan não
tinha medicamentos em estoques na farmácia da UTI, segundo a farmacêutica
Cristina Soares. “A situação está complicada. Quando chegou a mensagem de
incêndio em uma creche, todos os funcionários se mobilizaram e começaram a
pedir doações, pois poderia ser pior”, afirma.
A unidade vive em emergência
financeira já há alguns anos, segundo a servidora. “Inclusive, no sábado, dia
7, seria realizado um show beneficente para arrecadar fundos para o hospital. A
partir de agora vamos precisar ainda mais da ajuda financeira”.
A falta de dinheiro afeta, além de
medicamentos e materiais de uso diário, o salário dos servidores, que são
quitados sempre em atraso. O diretor clínico da unidade, Hebert Amaral Santos,
é um dos exemplos encontrados na Fundajan. Ele trabalha no local há cerca de 10
anos e afirma que está com oito salários atrasados. “Pagam um mês e ficam um
tempo sem pagar novamente. Sou responsável pela UTI e continuo porque não posso
paralisar. Em todo o tempo que trabalho aqui, os 10 leitos ficam sempre
ocupados”.
No Hospital Regional não é
diferente. Os médicos da unidade estão com dois meses de salário atrasados.
“Isso já foi pior. Estiveram com quatro meses e dois foram quitados com uma
verba que saiu no valor de R$ 1,2 milhão. Se este dinheiro não tivesse saído, o
hospital estaria fechado no dia da tragédia na creche”, explica a diretora
Lílian Gonçalves.
Na tarde dessa segunda-feira, dia 9,
o Hospital Regional prestava atendimento a cerca de 80 pacientes, mas ainda
possui alguns materiais em estoques. “Agora, se daqui a 60 dias terei estoque,
ou se terei dinheiro para repor, não sei dizer. Estamos com vários recursos
retidos pelo governo e esperamos que possa liberar. A alegação do governo é que
sempre está sem dinheiro. Toda semana estamos com o pires na mão, pedindo ajuda
às secretarias dos municípios vizinhos”, lamenta a diretora.
Em nota, a Secretaria de Estado de
Saúde de Minas Gerais (SES-MG) diz que "as instituições Fundação de
Assistência Social (Fundajan) e Fundação Hospitalar de Janaúba (Hospital
Regional) são contempladas pelos programas Pro-Hosp Incentivo. Ainda com
relação ao Hospital Regional de Janaúba, a instituição também é contemplada
pelo programa Rede Resposta. Não há atrasos referentes aos repasses aos
hospitais".
ATAQUE
Onze pessoas morreram após o vigia
Damião Soares dos Santos, de 50 anos, colocar fogo na creche onde trabalhava,
em Janaúba, na manhã de quinta-feira, dia 5. O vigia do Centro Municipal de
Educação Infantil Gente Inocente, no bairro Rio Novo, jogou álcool em crianças
e nele mesmo e, em seguida, ateou fogo. No momento do incidente, havia 75
crianças e 17 funcionários na escola. (Fonte: G1 Grande Minas)
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