Professora
que perdeu oito alunos e auxiliar internada em estado grave completavam mais um
ano de vida no dia do ataque às crianças
JANAÚBA
(por Luiz Ribeiro) - Ela acordou feliz. Foi ao salão cuidar da aparência,
esperando um dia festivo. Afinal estava completando mais um ano de vida. Mas,
em vez de alegria, enfrentou um dia de profunda tristeza, que para sempre
ficará marcado em sua memória. A professora Helenilsa Merelo Martins, lotada na
creche Gente Inocente, completava 47 anos exatamente em 5 de outubro, no mesmo
dia que a unidade foi incendiada. Das nove crianças mortas, oito eram alunas
dela.
“A
partir de agora, a cada aniversário vou me lembrar sempre daquela tragédia”,
afirma Helenilsa, que escapou do fogo porque trabalha no turno da tarde. A
creche, que foi interditada após o incêndio, funcionava em tempo integral.
A
professora afirma que, se estivesse na creche no momento do ataque, também
teria tentado salvar as crianças, como fizeram suas colegas, que acabaram sendo
vítimas do fogo , sendo que a professora Heley de Abreu não resistiu. “Acho que
se eu estivesse lá poderia ter morrido também. Não conseguiria sair e deixar as
crianças sofrendo”, pensa.
O
5 de outubro é também data do aniversário da auxiliar Geni Lopes Oliveira, de
63 anos, outra funcionária da creche, que estava na unidade de ensino infantil
no momento do incêndio e teve grande parte do corpo queimado. Ela continua
internada em estado grave. Colegas preparavam uma festinha surpresa para as
duas.
Outra
funcionária da creche se salvou pela decisão de ir fazer as unhas. Na manhã em
que a unidade foi incendiada, a auxiliar de serviços gerais Darvina Ferreira
Silva, de 60, não estava no serviço no horário de costume.
“Normalmente
trabalhava como porteira enquanto as crianças entravam. Depois, fazia outras
coisas”, detalha. Mas, no dia 4 de outubro, pediu à diretora do centro de
ensino para que, no dia seguinte pudesse chegar mais tarde. Pela manhã a
auxiliar iria se arrumar para a festinha em comemoração ao Dia das Crianças,
que ocorreria em 6 de outubro, sexta-feira. “Sou vaidosa”, admite Darvina, que
é separada, mãe de três filhos e avó de 5 netos e tem um bisneto.
Ela
relata que naquela manhã de 5 de outubro, estava em casa com a manicure quando
recebeu a notícia do incêndio. “Saí correndo e fui para a creche”, afirma
Darvina. A auxiliar de serviços gerais disse que, se não estivesse cuidando da
beleza, certamente estaria entre as vítimas. “Eu me salvei, mas fico muito
triste pelas crianças que perderam a vida e também pela morte da professora e
pelo sofrimento das colegas”, resume. (Fonte: jornal Estado de Minas e portal
Uai)
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