JANAÚBA (por Luiz Ribeiro) – Ao
mesmo tempo em que os familiares de Mateus resolviam os detalhes para
providenciar o velório e sepultamento do corpo da criança, a diretora do
Hospital Regional de Janaúba, Lilian Gonçalves Tolentino, informava sobre a
chegada dos outros dois pacientes à unidade, que já não tinha nenhum ferido em
tratamento. Elton Batista Oliveira, de 50 anos, e Valéria Borges, de 28,
estavam entre as pessoas que prestaram ajuda para evitar que a tragédia na
creche fosse ainda maior.
Conforme informou a diretoria do
hospital, Elton deu entrada na unidade na sexta-feira. Logo em seguida o quadro
se agravou e ele foi levado para o CTI. Já Valéria apresentou sintomas no
domingo e foi direto para o CTI do hospital. Valéria trabalhava como cantineira
na creche e ajudou a resgatar muitas crianças durante o incêndio. Elton é
trabalhador rural aposentado. Ele passava em frente ao local na manhã de
quinta-feira quando viu o desespero das professoras e crianças e entrou no
imóvel em chamas para tentar salvar vítimas.
Os dois pacientes continuam
internados no Hospital Regional e o quadro, de acordo com o médico Marcos
Vinícius Reis Gomes, embora grave, é estável. Elton e Valéria estão no CTI,
porque precisam de maior assistência. “Durante o incêndio na creche houve
combustão de materiais como PVC, cortinas e colchões. Esses produtos liberaram
toxinas, inaladas pelas pessoas. A reação tóxica e inflamatória nesses casos
não necessariamente ocorre imediatamente após o contato com a fumaça. Essa reação
é esperada em até 72 horas. Foi o que aconteceu com os dois pacientes”,
explicou. Ainda segundo o profissional, vítimas podem apresentar nesse período
sintomas como tosse, rouquidão e falta de ar, como os dois pacientes
internados. Algumas podem manifestar reações mais graves.
A mãe de Valéria, Rita Ramos de
Souza, de 53 anos, disse que está esperançosa em relação à recuperação da
filha. “Estou muito triste por causa do que aconteceu. Mas, ao mesmo tempo, me
sinto alegre porque a minha filha teve a força de Deus no momento difícil, para
ajudar a salvar várias crianças. Ela falou que atravessou no fogo e, graças a
Deus, não queimou nenhum fio de cabelo. Mesmo com pedaços de PVC do teto
queimando e caindo em chamas ela entrou debaixo para tirar as crianças lá de
dentro”, afirma Rita, satisfeita com a saída da filha da unidade de tratamento
intensivo. “Espero que ela logo melhore”, disse.
Rita já trabalhou na creche Gente
Inocente. Há quatro anos mudou de escola. Mesmo assim, ela mantém contato com
as crianças e colegas de trabalho do emprego antigo. “A gente perdeu várias
crianças que considera praticamente como filhos. Deus é grande e vai nos dar
força, mas não é fácil aguentar uma coisa dessas, não”, disse. (Fonte: jornal
Estado de Minas e portal Uai)
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