Contraste: afluente de rio seco e com solo
desidratado e ao lado plantio de árvores em tom verde
Visita ao eixo do rio Congonhas, principal curso
para a construção de uma barragem do porte da represa do Bico da Pedra, em
Janaúba
Foto Oliveira Júnior
No primeiro dia da
expedição a equipe deparou com uma nascente e córrego secos, e bem próximos, o
reflorestamento com eucalipto.
ITACAMBIRA
(por Oliveira Júnior) – Por volta de 8h da manhã de quinta-feira, dia 7 de
setembro, enquanto que nos municípios iniciava a parada cívica por ocasião da
data relativa à independência do Brasil, desta vez o meu olhar e a lente da
minha companheira máquina estavam em outra direção. Não fomos para a avenida do
Comércio, em Janaúba, registrar o desfile da pátria. Partimos para outra parte
de Minas Gerais, na marcha pela Serra do Espinhaço.
Foto Oliveira Júnior
Trecho do rio Congonhas
através do qual será formada a barragem que receberá o mesmo nome e poderá ter
capacidade de volume semelhante à barragem de Janaúba.
No
feriado da Independência e no final de semana prolongado fui integrante da 5ª
Expedição Caminhos dos Geraes, roteiro Serra do Espinhaço, a mesma que passa
por Janaúba, Nova Porteirinha, Riacho dos Machados, Porteirinha, Mato Verde,
Monte Azul, Espinosa e outras localidades a qual chamamos de Serra Geral de
Minas. O Espinhaço é uma cadeia de serras que avança o sertão mineiro e o
território da Bahia.
A
5ª Expedição Caminhos dos Geraes foi traçada em três roteiros: a Serra do
Espinhaço envolvendo, principalmente os municípios de Itacambira, Botumirim,
Cristália e Grão Mogol; o Peruaçu, com os municípios de Januária, Bonito de
Minas, Itacarambi, Montalvânia e Manga; e a Serra do Cabral, com os municípios
de Jequitaí, Várzea da Palma e Pirapora.
Foto Oliveira Júnior
Caminhada pela área que
poderá ser inundada com a possível construção da barragem de Congonhas, em
Itacambira.
Parti
para a expedição a convite do Instituto Grande Sertão, da Fundação Genival
Tourinho e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável de Montes Claros, que ao lado do Instituto Estadual de Florestas
(IEF), Instituto Vidas Áridas e da OVIVE, organizaram essa expedição que teve
início em 2005, mas que estava suspenso há 8 anos. Porém, ressurgiu este ano.
Inicialmente,
tinha interesse em participar do roteiro do vale do Peruaçu. Contudo, diante da
distribuição das equipes fui direcionado para o roteiro Serra do Espinhaço.
Missão aceita. Ufa! Missão cumprida.
Foto Oliveira Júnior
Momento da refeição à base
de farinha com carne e frutas; em outro trecho do rio Congonhas em local que
poderá ser o eixo da projetada represa.
Para
o roteiro de quatro dias e três noites pelos arredores da Serra do Espinhaço
estavam escaladas 28 pessoas, entre elas, eu. O comboio foi de sete veículos,
duas camionetes do IEF, duas camionetes do Departamento Nacional de Obras
Contra a Seca (DNOCS), um carro da Rádio Transamérica 95,1 FM, outra camionete
e um jeep. Com boné e camiseta alusiva à expedição, pegamos também o kit de
“sobrevivência”, a conhecida matula na qual tinha uva passas, amendoim,
chocolate, rapadura e paçoca. É claro que providencie outros alimentos.
Embarquei
no veículo no qual também estava o coordenador dos Fóruns Regionais, órgão
ligado ao Governo de Minas Gerais, Sued Keneddy Botelho, ex-vice-prefeito de
Montes Claros. O nosso condutor foi Pedro Machado e ainda contamos com a
companhia de Divino Teixeira. Os dois (Pedro e Divino) são experientes
funcionários do DNOCS. No percurso, muitas histórias, interação dos
conhecimentos, causos e brincadeiras.
Foto Oliveira Júnior
O rio Tamanduá é um dos
poucos recursos hídricos que correm na região de Itacambira e fui um atrativo
para registros e refrescar.
Na
coordenação dessa equipe de 28 expedicionários pela Serra do Espinhaço estava o
ambientalista Eduardo Gomes que seguia no jeep caracterizado e pilotado por
Lucas Alves, exímio fotógrafo e defensor dos pássaros, e ainda o ambientalista,
jornalista e fotógrafo Manoel Freitas e ainda o ambientalista e fotógrafo
argentino Santiago Charleton. Mais adiante citarei os nomes dos outros
expedicionários.
Saindo
da Secretaria de Meio Ambiente e ainda na cidade de Montes Claros a primeira
parada para um café com biscoito e oportunidade para que o colega jornalista
Girleno Alencar conseguisse um caderno de anotações (ainda bem que ele já
estava com a caderneta e a máquina fotográfica, heheheh). Bom, Girleno estava
no carro da Transamérica FM juntamente com o locutor Jean Paulo e com Mônica
Durães, diretora da rádio e motorista nessa expedição.
Foto Oliveira Júnior
Nas proximidades da cidade
de Itacambira a triste realidade: o rio sem água. Mas, foi possível presenciar
o pôr do sol.
Atravessamos
a BR 135 e seguimos pela rodovia de acesso à Glaucilândia e Juramento e depois,
em estradas sem pavimento, fomos para Itacambira. Mas, antes, é claro, seguindo
pelos cursos d’água, a maioria se encontra seco, e verificando a degradação diante
de plantio desordenado e as possibilidades de aproveitamento de locais a serem
inseridos em área de preservação permanente e a formação do Parque Estadual de
Botumirim.
Algumas
paradas para a explanação sobre a delimitação de áreas de preservação e a divisão
das bacias hidrográficas do São Francisco e do Jequitinhonha. É notório que o
eucalipto é o plantio em larga escala no roteiro Serra do Espinhaço da 5ª
Expedição Caminhos dos Geraes. É também indiscutível a importância
sócio-econômica dessa cultura na região. Entretanto é questionável a maneira,
às vezes, errônea na plantação em áreas especificamente definidas como
impróprias, uma vez que as mesmas fazem parte de área de preservação ambiental
ou preservação permanente. Sendo assim, acredito, é uma situação de fácil
compreensão e acatável.
Foto Oliveira Júnior
No feriado nacional da
Independência a sala de aula de uma escola de Itacambira foi o alojamento
improvisado para a equipe da 5ª Expedição Caminhos dos Geraes.
Por
volta do meio-dia paramos. Não foi para almoçar. Mas, para verificar in loco
uma cena triste e preocupante. A nascente do córrego Estiva, afluente do rio
Congonhas, na região de Itacambira, no Norte de Minas, está seca. Houve a
desidratação do solo, conforme explicou o ambientalista Eduardo Gomes, durante
a 5ª Expedição Caminhos dos Geraes no dia 7 de setembro de 2017.
Mais
adiante outra parada e, desta vez, para uma caminhada de aproximadamente 3 mil
metros (três quilômetros), inclusive entre rochas no rio Congonhas até o eixo
para a formação da barragem que levará o mesmo nome do rio. Nesse momento, aí
sim, foi a hora de abrir a matula e “devorar” a paçoca (farinha com carne),
comer maçã, chupar laranja e beber água que levamos. Fiz questão de levar uma
garrafa com cinco litros de água potável de Janaúba. Pela estrada acompanhamos
a área a ser possivelmente inundada diante da construção da barragem de
Congonhas, que terá dimensões semelhantes à barragem do Bico da Pedra, em
Janaúba. Uma rápida parada na estrada para posicionar o comboio objetivando a
filmagem com drone em documentário a ser exibido pela InterTV, afiliada da TV
Globo, na próxima semana. Nessa ocasião, dois cachorros aproximaram da equipe e
seguiram a gente por um determinado tempo.
Seguindo
adiante, no primeiro dia da 5ª Expedição Caminhos dos Geraes, na quinta-feira,
7 de setembro, deparamos com...água...sim...na passagem “molhada” do rio
Tamanduá alguns expedicionários fizeram questão em tocar na água. Também pudera
naquele momento o calor tomava conta. Mesmo com pouca vazão, o rio Tamanduá
deixa a sua contribuição para o ecossistema.
Voltando
para a estrada e deixando para trás a poeira e também a comprovação de que no
sertão mineiro alguns recursos hídricos ainda sobrevivem seguimos em direção à
cidade de Itacambira. No momento do pôr do sol uma parada na estrada,
pavimentada. De um lado registrávamos a “partida” do sol naquela tarde de
feriado da Independência. Alguns passos para o outro lado a tristeza. Mais um
recurso hídrico sem água. No leito apenas areia. Comprovamos a triste
realidade. Próxima parada na cidade de Itacambira, onde, na praça, a equipe
esteve reunida para avaliar o primeiro dia da expedição. Em seguida fomos ao
jantar numa aconchegante pensão. Junto com outros expedicionários nos alojamos
na sala de aula de uma escola. Colchonetes no chão, algumas
barracas...aproveitei para observar no quadro e nas paredes da sala os relatos
dos alunos sobre a história, a independência e o folclore brasileiro. Naquele
instante lembrei-me dos 195 anos de Independência do Brasil. Neste ano não pude
prestigiar o desfile cívico em Janaúba, mas, penso que, pelo menos, estava com
outros colegas expedicionários na missão para decretar a independência da Serra
do Espinhaço. Antes de deitar, uma caminhada pela cidade de Itacambira apesar
da noite fria. A concentração num bar para assistir ao jogo do Cruzeiro e
Flamengo, pela final da Copa do Brasil, foi um pretexto para o happy hour (hora
feliz). Fim de jogo, hora de recolher aos aposentos improvisados. O sono veio
logo, pois sabíamos que na manhã seguinte outra missão nos aguardava. Bom, os
relatos do 2º dia da 5ª Expedição Caminhos dos Geraes, roteiro Serra do
Espinhaço, fica para daqui a pouco. Mas, adianto que no café da manhã
fortalecemos com o tradicional biscoito de queijo assado no fogão a lenha.
Huuuummmmm
***O
Jornalista Oliveira Júnior fez parte da 5ª Expedição Caminhos dos Geraes a
convite do Instituto Grande Sertão, Fundação Genival Tourinho e da Secretaria
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Montes Claros.
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