Foto Paulo & Galego
Gel e Beija-Flor, filho e pai, ostentam a premiação simbólica do festival
promovido, em 2009, pela InterTV/Globo.
JANAÚBA (por Oliveira
Júnior) – Em meio a cantoria dos artistas regionais durante a 36ª ExpôJanaúba,
que acontece de 2 a 11 de junho, veio a triste notícia de que a voz de Luís
Tolentino silenciava para sempre. Foi uma informação impactante para a cultura
municipal e regional. Luís Tolentino, mais conhecido como Beija-Flor morreu aos
77 anos de complicações pós-cirurgia.
Sepultado nessa
quinta-feira, dia 8 de junho, no cemitério Antônio de Deus, no bairro Boa
Vista, em Janaúba, o corpo do músico, cantor e repentista Beija-Flor. Ele
trabalhou, morou e cantou pelos quatro cantos de Janaúba e ainda transferiu o
seu dom artístico para o filho Georgipson Tolentino, o Gel, com quem,
inclusive, dividiu o palco em bons e consagrados momentos da música regional.
Nos últimos anos,
Beija-Flor havia se afastado dos palcos e das apresentações devido ao acidente
vascular cerebral (AVC). Nos últimos dias ele se encontrava em Belo Horizonte
em recuperação de uma cirurgia na vesícula.
A BALA DE OURO
Beija-Flor era uma
pessoa simples, mas de sabedoria. No seu canto surgia a riqueza das palavras
para compor música e aceitar o desafio do amigo e colega repentista Téo
Azevedo, consagrado cantor e compositor norte-mineiro que muito é respeitado
nacionalmente.
Essa amizade e união de
talentos com Téo Azevedo proporcionou a Beija-Flor, que nasceu em Rio Pardo de
Minas e teve a maior parte da sua vida fincada em Janaúba, a oportunidade de
expor os improvisos musicais pelo Norte de Minas e outras regiões do país.
Na memória de Beija-Flor
sempre existia uma preciosidade: a composição e cantoria retratando com alegria
a realidade dos sertanistas do Norte de Minas. Num dos encontros com o colega
Téo Azevedo germinou a interpretação da canção “A Bala de Ouro”, sobre a
história do Padre José Vitório que vivia em São José do Gorutuba, na margem do
rio Gorutuba, em Porteirinha.
O DIA DO POBRE
“...O ouro vai virar
cobre e aí vai ser bom para o pobre vai jantar só de banquete...”. Esse é o
trecho da música “O Dia do Pobre” cantada por Beija-Flor e pelo filho Georgipson
Tolentino, o Gel, no Festival Viola dos Gerais promovido pela InterTV/Globo e
pela Fundação Roda de Viola em 2009. Pai e filho foram vencedores desse
festival que rodou pelo Norte de Minas (saiba AQUI).
Brincalhão e talentoso,
Beija-Flor não só apresentou o filho Gel para o cenário artístico regional como
também obteve o reconhecimento, a consagração do talento familiar. A dupla Beija-Flor
e Gel foi a vencedora da primeira edição do festival. Os janaubenses
conquistaram o título através da canção “O Dia do Pobre”, de autoria de Gel.
Além de faturarem o primeiro lugar, a dupla ainda conquistou o prêmio de melhor
interprete.
VIOLA GUARDADA
“O Dia do Pobre” estava
entre as quase 500 músicas inscritas para o 1º Festival Viola dos Gerais. Pai e
filho estavam confiantes e ansiosos. O festival percorreu oito cidades do Norte
de Minas e atraiu mais de 50 mil pessoas. A música escolhida por Beija-Flor e
Gel foi classificada entre as 12 finalistas.
Momento de espera e
cuidados básicos com a voz. Os janaubenses não se intimidaram, pois a
simplicidade e o talento são tradições da família. Depois dos últimos acordes
na viola, suspense. O resultado final do festival: o dia em que o “pobre” ficou
no lugar mais alto do pódio. Beija-Flor e o filho Gel foram vencedores do
festival.
A viola usada na grande
final foi guardada com muito orgulho. “Não dou, não vendo e não empresto. Vou
guardar de lembrança que foi vencer esse festival”, salienta Beija-Flor em
entrevista à InterTV/Globo.
Além da emoção de
participar, o festival também trouxe reconhecimento para a dupla. “Qualquer
lugar que a gente vai, as pessoas pedem a música. Cadê a música que vocês
ganharam? E eu digo só se for agora”, diz Gel na mesma entrevista.
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