- A cada 24 horas o volume
de água reduz em dois centímetros, em média
- Em 10 anos a represa formada
no rio Gorutuba perdeu mais de 15 metros de água
- Barragem abastece as
cidades de Janaúba e de Nova Porteirinha e os dois projetos de irrigação,
Gorutuba e Lagoa Grande
Foto Oliveira Júnior
Barragem do Bico da Pedra em fevereiro de 2007,
dez anos atrás, quando ficou cheia, transbordou.
Foto Oliveira Júnior
Barragem do Bico da Pedra em fevereiro de 2017,
dez anos depois, quando está esvaziando, secando.
NOVA PORTEIRINHA (por
Oliveira Júnior) – Com uma redução média de 2 (dois) centímetros por dia em seu
volume, a barragem do Bico da Pedra segue o triste caminho de registrar a pior
situação de armazenamento nos últimos 38 anos, período em que entrou em
funcionamento quando da cheia de 1979, sendo o seu primeiro transbordamento. De
lá para cá ocorreram mais duas cheias, sendo que a última vez que a represa
atingiu a sua capacidade foi em fevereiro de 2007, ou seja, há 10 anos. A
lâmina de água passou com 85 centímetros acima do vertedouro, quando, no dizer
popular, ela “sangrou”. Desde então, a barragem perdeu 15,35 metros de água,
dados referenciais ao dia 10 de abril de 2017.
Entretanto, o cenário
atual é outro e pior. Nos 10 primeiros dias de abril o nível de água na
barragem formada pelo rio Gorutuba abaixou em 15 centímetros. A mesma redução
verificada entre 1º e dia 10 de abril de 2016. Porém, se comparar com a
situação de um ano atrás, na segunda-feira, dia 10, desta semana a represa
gorutubana tinha 3,90 metros de água a menos.
Neste ano, quer dizer,
nos 100 primeiros dias de 2017, a barragem do Bico da Pedra acumula a perda de
65 centímetros de água, enquanto que de 1º de janeiro a 10 de abril do ano
passado o nível de água nessa barragem teria subido 4,55 metros. Isso equivale
à altura média de uma casa normal, do piso ao telhado.
SECANDO...FIM DA
IRRIGAÇÃO
Na medida em que a
precipitação pluviométrica se afasta – e põe afastamento nisso, a chuva sumiu –
a previsão da população em vê a barragem do Bico da Pedra “secar” vai se
aproximando. E os primeiros efeitos negativos já começaram a surgir nos últimos
anos diante das demissões de trabalhadores nos empreendimentos produtivos que,
mediante a seca e racionamento de água para a irrigação, tiveram as áreas de
plantio reduzidas e, consequentemente, queda na receita. Resultado: desemprego.
Um dos fundamentos da
construção da barragem do Bico da Pedra, no rio Gorutuba, foi a implantação de
projeto de irrigação para a produção de alimentos. Com quase quatro décadas de
existência, esse projeto irrigado se vê diante da situação de se sucumbir. Sem
a água, o projeto caminha a passos largos para o seu fim.
E, pelos cálculos, esse
encerramento das atividades está bem próximo, a qualquer momento. Em princípio,
a suspensão de água para irrigar algumas persistentes lavouras é prevista para
junho ou julho. As lágrimas começam a ser derramadas, pois a contagem
regressiva avança.
Nesta semana, a segunda
de abril, eram 2,65 metros de lâmina de água que separavam do “volume morto”,
nível crítico em que suspende a liberação de água para a irrigação. Caso a
barragem apresente a redução desses 2,65 metros, a captação de água seria
destinada apenas para o consumo humano. Quanto ao abastecimento para as cidades
de Janaúba e de Nova Porteirinha, distante em torno de cinco quilômetros
duraria por tempo não estipulado, por mais de um ano, dois anos ou mais.
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