A conquista da identidade própria vai abrir mercado
para mais de 100 produtores que fabricam 15 milhões de litros de cachaça por
ano
SALINAS (por Cida Santana) – Amanhã, quinta-feira, dia
28 de julho, o Sebrae Minas, em parceria com a Associação dos Produtores
Artesanais de Cachaça de Salinas (Apacs), promove na cidade de Salinas, aqui no
Norte de Minas, o lançamento da marca Região de Salinas. A cachaça é um dos mais
legítimos representantes da produção artesanal mineira e a região é precursora
do movimento de valorização deste produto. A Região de Salinas possui registro
no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) como Indicação
Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP), que garante sua
origem.
De acordo com a Apacs, a região abriga cerca de 100
produtores distribuídos por seis municípios – Fruta de Leite, Novorizonte,
Rubelita, Salinas, Santa Cruz de Salinas e Taiobeiras. A produção total,
inteiramente artesanal, chega a 15 milhões de litros por ano, comercializada
sob mais de 50 marcas. Os atributos naturais da região são determinantes para
as características do produto e contribuem para definir o terroir, a exemplo de
outras bebidas ao redor do mundo. Estes são, aliás, alguns dos requisitos
exigidos pelo INPI para a conquista da marca Região de Salinas.
O lançamento da marca é parte integrante do trabalho
que é desenvolvido pelo Sebrae Minas junto aos produtores de cachaça da região.
“Através da organização de um grupo de produtores de cachaça, e trabalhando sua
identidade com foco em novos mercados e melhor posicionamento, nosso objetivo é
fortalecer sua marca e origem junto aos diversos compradores e consumidores”,
ressalta o analista do Sebrae Minas, Ricardo Boscaro. Os produtores foram
orientados sobre a importância do trabalho em grupo, o fortalecimento do
associativismo, a revisão do regulamento de uso da Indicação de Procedência e a
análise do mercado.
PRODUTORES DESTACAM A IMPORTÂNCIA DA MARCA REGIÃO DE
SALINAS
Edson Souza Martins produz a cachaça ‘Encantos da
Marquesa’ há nove anos na região. Ele acredita que a criação da marca Região de
Salinas é fundamental para alavancar ainda mais a produção da bebida. “ Temos
uma cachaça de alta qualidade e essa identificação regional que está sendo
criada vai ajudar a valorizar nosso produto, dar maior visibilidade no circuito
turístico e contribuir para a diminuição da informalidade, que prejudica quem
trabalha dentro da lei e paga os impostos” diz.
Edson Souza produziu 60 mil litros de cachaça em 2015
e tem a expectativa de repetir esse numero este ano. Ele acredita ainda que a marca
regional vai contribuir para a exportação, o que também incrementa o seu
negócio. O produtor já vendeu o seu produto para a Alemanha e agora está acertando
a comercialização para a Itália,
Dono da marca “Tabua”, em Salinas, Lucas Mendes
destaca que a criação da marca Região de Salinas é importante tanto para os
produtores como para os consumidores. “Com essa marca vamos criar uma
identificação geográfica com o público, que terá a confiança de que, ao
adquirir uma cachaça aqui da região, vai consumir um produto com todas as
características e qualidades da autêntica cachaça de Salinas. Vamos criar um
feedback com o nosso consumidor” argumenta Lucas, que também vende a bebida
para a Alemanha.
O presidente da Associação dos Produtores Artesanais
de Cachaça de Salinas (Apacs), Aldeir Xavier de Oliveira reforça que a criação
da marca tem o objetivo de certificar quais são as cachaças que verdadeiramente
são produzidas na região. “ Muitas cachaças encontradas e que são tidas como
produzidas na região de Salinas são de outras regiões. Então, com este selo,
vamos certificar o que realmente é produzido aqui. Isso valoriza as nossas
marcas, que têm a nossa qualidade. Vamos vender um produto que tem origem e
procedência ”, afirma.
MERCADO NACIONAL E INTERNACIONAL
Conforme avaliação realizada pela Federação Nacional
das Associações de Produtores de Cachaça de Alambique (Fenaca), divulgada pelo
Sebrae, os consumidores das classes A e B descobriram a cachaça como produto de
qualidade, passando a assumir o consumo da bebida antes tratada como
direcionada somente às classes menos favorecidas. O aumento da demanda começou
de forma espontânea e passou a ser observado há cerca de uma década.
De acordo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil tem uma produção de cachaça estimada em 1,4 bilhões
de litros por ano. A cadeia produtiva da bebida movimenta cerca de R$ 7 bilhões
anualmente. No país, estima-se que a atividade envolve em torno de 40 mil
produtores de cachaça. Calcula-se que destes, 98% são pequenos e
microempresários. O setor gera em torno de 600 mil empregos diretos e
indiretos.
Conforme a Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), as ações de promoção da cachaça
estão avançando com participação nas feiras internacionais. A Agência e o
Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) mantém convênio com investimento de R$
1,3 milhão para promover o produto no exterior. Atualmente, 38 empresas
participam da iniciativa, com foco nos mercados da Alemanha, Estados Unidos e
Reino Unido. A cachaça já é reconhecida como uma bebida legitimamente
brasileira nos Estados Unidos, na Colômbia e no México. Em qualidade, a bebida
brasileira não perde para nenhum outro destilado. (Fonte: Sebrae Minas)
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