Por
Jerúsia Arruda
Ele
nasceu em Montes Claros, mas foi em Janaúba que construiu uma sólida carreira
como comunicador. Curioso, criativo e antenado, está sempre à frente do seu
tempo, captando e difundindo informações pelos mais diversos canais de
comunicação.
Encerrando
a série especial em homenagem ao Dia do Jornalista, O Norte traz uma entrevista
com BENJAMIM MARTINS DE OLIVEIRA JÚNIOR, um jornalista multifuncional, que
atua, ao mesmo tempo, na assessoria de imprensa, rádio, jornal digital e jornal
impresso, em diferentes cidades, e ainda encontra tempo para se manter sempre
conectado às redes sociais, atualizando e sendo atualizado sobre os
acontecimentos que pontuam o dia a dia da região.
Jornalista Oliveira Júnior.
O
que você levou em consideração para escolher o Jornalismo?
Acredito
que foi por influência familiar. O meu pai, Benjamim de Oliveira, lidou na
condição de parceiro em pelo menos três áreas da comunicação: cinema, telefonia
e televisão (apenas retransmissão), todos em Janaúba. Pouco acompanhei essa
fase. Mas, aos 6 anos pegava o jornal (Estado de Minas) que ele assinava, nos
anos 70, e lia de trás para frente. Começava a folhear e ler na página de
esporte. E para minha surpresa, no ano passado (2015), o meu filho Benjamim
Martins, aos 20 anos, ingressou na área de comunicação ao ocupar a função de
editor de imagem da TV Serra Geral, em Janaúba, e está fascinado em se
qualificar na área áudio visual, com ênfase para o cinema.
Fale
sobre sua atuação na comunicação.
Dia
26 de junho próximo completarei 30 anos que iniciei no rádio Gorutubana AM de
Janaúba, inicialmente como operador de áudio (sonoplastia) e, em poucos dias,
atendendo a convite do diretor artístico e de jornalismo da emissora, o saudoso
amigo e colega Luís Carlos Novaes (Peré), acumulei a função de repórter e,
posteriormente, a editoria de jornalismo. Ainda naquele ano de 1986, o Peré me
levou para o impresso (O Jornal de Janaúba). Depois fiz reportagens para os
periódicos O Jornal, Correio Janaubense, Jornal Gorutuba, Folha do Norte e
Jornal da Serra Geral, e fui correspondente dos jornais Jornal do Norte e Minas
ao Norte e também do jornal O Norte (de 2003 a 2008), e atualmente no Gazeta
Norte Mineira. No radiojornalismo atuei pelas rádios Gorutubana AM, Torre FM e
Onda Norte FM, todas em Janaúba, e Cidade FM, em Nova Porteirinha. Em 2003,
iniciando a Faculdade de Jornalismo, apresentei ao professor Ruy Muniz a ideia
da regionalização do jornal O Norte que imediatamente foi aceita pelo saudoso
colega Reginauro Silva. Por seis anos fiquei à frente da sucursal em Janaúba de
O Norte.
Onde
você trabalha atualmente? Como é o seu dia a dia no trabalho?
Hoje
faço uma mesclagem de jornalismo com assessoria de imprensa. Desde 2013
respondo pela Imprensa da Câmara Municipal de Janaúba; desde 2010 faço parte da
Assessoria de Imprensa do Sindicato Rural de Janaúba; desde setembro de 2015
retornei ao jornalismo da Rádio Cidade 94,5 FM, em Nova Porteirinha; e no
Jornal da Serra Geral desde outubro de 2008, além, é claro, com o meu site que
lancei no período da faculdade (há mais de uma década). Sou jornalista e
assessor 24 horas por dia nos sete dias da semana.
Em
tempos de interatividade e jornalismo participativo, como é cobrir uma região
grande como a Serra Geral?
Mesmo
com o avanço tecnológico na comunicação, sempre mantive contato e a fidelidade
com as fontes o que tem assegurado a obtenção das informações. Atualmente com o
“derrame” das redes sociais os fatos ganharam velocidade e difusão, mesmo assim
não abandono o velho e correto costume de averiguar a veracidade.
Oliveira Júnior no plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Como
é a contribuição/aceitação do material que você produz pelos jornais regionais?
Nessas
quase três décadas de jornalismo tenho conquistado e conservado a boa amizade e
o respeito com os colegas e por conhecer, quase que totalmente, o jeito de cada
jornalista e também da funcionalidade das empresas jornalísticas, tenho a
preocupação de produzir material que atenda, pelo menos, do ponto de vista
editorial e do público dos meios de comunicação, mantendo o princípio
jornalístico.
O
equacionar jornalismo o independente e investigativo com a dificuldade de
financiamento?
Por
ser uma área mais delicada e que requer uma análise mais detalhada, mais
demorada diante do grau dificuldade, se torna necessário que o profissional
tenha uma melhor qualificação e interesse. É o caso, por exemplo, do jornalismo
econômico, no qual, na maioria das vezes, é exercido justamente pelos
profissionais graduados em Ciências Econômicas.
O
que mais lhe instiga? Quais são os desafios?
A
falta de conhecimento e interpretação por parte de algumas pessoas com relação
aos fatos faz com que o jornalista seja essencial para equacionar essa
situação. O triste é que a interpretação errônea dos acontecimentos ganha
dimensão por alguns meios de comunicação que, por interesses próprios, não
demonstram preocupação em transmitir a informação de forma clara, justa e com
responsabilidade. Sempre tenho orientado os colegas a estudarem, a aprimorarem
os conhecimentos já que todos são comunicadores e, diante disso, precisam ser
capacitados.
Em
todos esses anos trabalhando como jornalista/radialista, qual experiência foi a
mais marcante?
Na
faculdade, decidi lançar um site (blog) de notícias. Minha intenção era
estreitar a informação entre os conterrâneos e familiares que residiam em
outras cidades, estados e até países. Lembro que quando morei no interior de
São Paulo ficava ansioso para receber, quase uma semana depois, o jornal
semanal de Janaúba. Não importava se a notícia estava, digamos, ultrapassada,
mas queria ler e ver as poucas fotos sobre os acontecimentos da minha
comunidade. Daí a experiência do site. São comuns os casos de leitores do meu
site que moram em Janaúba dizerem que os familiares deles no Norte do Brasil,
na França, sejam onde for, ficam sabendo quase que simultaneamente dos
acontecimentos daqui e assim facilita a comunicação, a prosa familiar.
Jornalistas Jerúsia Arruda, editora de O Norte, e Oliveira Júnior no Troféu Imprensa do Norte de Minas 2015.
Algum
episódio o marcou?
Abril
de 1988, quase dois anos no rádio, fui designado a cobrir o velório do prefeito
de Janaúba, Joaquim Maurício de Azevedo Bahia (faleceu no 6º e último ano de
mandato), cujo avô, Maurício de Azevedo, foi o primeiro prefeito desse
município. Descobri e relatei em texto num documentário emocionante na rádio
que o prefeito Joaquim Maurício, quando criança, tinha o desejo de ter um
cavalo azul. O avô, Maurício satisfez o desejo do garoto e mandou pintar o
animal. No ano seguinte, o “cavalo azul” foi protagonista de uma homenagem que
a classe ruralista prestou ao falecido prefeito Joaquim, que também era
produtor rural.
O
que mudou na sua visão sobre a profissão ao longo desses anos?
A
implantação do curso de Comunicação Social/Jornalismo pela Funorte, em 1998,
contribuiu na valorização e no aumento das perspectivas no mercado de trabalho
diante da qualificação dos profissionais. Outro avanço é o aumento de vagas
para atuação em Assessoria de Imprensa e Marketing tanto no poder público
quanto na iniciativa privada. No entanto, um dos pontos negativos tem sido,
infelizmente, a absolvição pelo mercado de trabalho de pessoas sem nenhum
conhecimento e dedicação à profissão e, em alguns casos, atuam como
pseudojornalistas, chegando ao ponto de denegrir a categoria. Acredito que o
possível “derrame” de concessão de registro profissional a “jornalistas” pelo
Ministério do Trabalho, sem averiguar os reais critérios para isso, tem
prejudicado a profissão. Lamentável presenciar e até disputar o mercado de
trabalho com esses “jornalistas” – alguns jamais foram capazes de redigir um
release, tecnicamente falando – outorgados pelo Ministério do Trabalho.
Oliveira Júnior, Jornalista.
Como
você vê o futuro da profissão de jornalista?
A
credibilidade é um dos pontos chave a ser conquistado e preservado pelo
jornalista. O profissional tem que se adequar à mutação proporcionada pela
globalização do acesso amplo e rápido à informação sem perder a essência da
veracidade dos fatos e da ética. Isso tem provocado a adoção por parte dos
jornais em investimento na estrutura multimídia em que oferece ao público a
informação e os textos digitais. Essa tendência é mais evidenciada para os
jornais diante da opção do público pelas informações instantâneas que hoje são
disponibilizadas, apesar de no formato de sinopse, pela rede social.
Se
pudesse retornar ao passado e mudar algo, o que mudaria?
Não
basicamente na área de comunicação, mas no âmbito familiar. Ficaria muito feliz
com a presença da minha mãe que nos deixou eternamente quando eu completaria
três anos de vida. Diante disso, peço a cada colega e ao leitor que respeite e
dê valor à sua mãe.
Qual
a dica que você dá para os jovens sonham em trabalhar nessa sua área?
Jamais
desanimar nos primeiros obstáculos e sempre analisar se realmente é isso que
pretende desempenhar. Seja atencioso, atue com persistência, respeito, e
conclua a sua produção jornalística com fundamento. Que nada o impeça de ser
audacioso para construção de um texto correto e justo.
Fique
à vontade para outras considerações.
Agradeço
a todos de O Norte, da Funorte, dos demais órgãos de comunicação, das
instituições e entidades, aos colegas que lidam nas diversas áreas e aos
saudosos jornalistas Raimundo Brandão (do jornal O Gorutuba, de Janaúba), Luís
Carlos Novaes e Reginauro Silva pela oportunidade e confiança depositadas na
minha pessoa. Viva a Vida, Seja Feliz!
Link do texto no site do jornal O Norte: http://www.onorte.net/editorial_09-04-2016-profissao-jornalista--oliveira-jr
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