Foto divulgação
Enoch Vinícius Campos Lima.
JAÍBA
(por Oliveira Júnior) – Através de mandado de busca e apreensão e ainda prisão uma
equipe da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais efetuou nesta quarta-feira,
dia 23, antevéspera de Natal, a prisão do prefeito de Jaíba, Enoch Vinícius de
Campos Lima, e mais três secretários municipais. O mandado de prisão teria sido
expedido ontem, terça-feira, dia 22 de dezembro, pelo Tribunal de Justiça de
Minas Gerais.
Essa
é a segunda vez que Enoch Vinícius estará afastado das funções eletivas, pois
em novembro de 2013 ele, na condição de vice-prefeito, foi afastado da função
por ação da Polícia Federal que na ocasião conduziu de maneira coercitiva o prefeito Jimmy Murça. Naquela
ocasião, o município foi administrado pelo presidente da Câmara, Júnior Leonir
Guimarães.
Menos
de um mês depois, Enoch Vinícius, que não havia sido preso pela PF, ganhou
condições de assumir a administração pública municipal.
Dentro de instante haverá uma coletiva de imprensa no 11º Departamento da Polícia Civil, na cidade de Montes Claros, referente à prisão do prefeito Enoch Lima e de três secretários municipais.
RAÇÃO
DE PAPAGAIO (site Em Tempo Real)
Por essa o prefeito de Jaíba, Enoch Vinícius Campos (PDT), não esperava: uma abordagem de rotina da Polícia Rodoviária Federal, em Montes Claros era, na verdade, desdobramento da Operação 'Ração de Papagaio'. Deflagrada em março deste ano pelo Ministério Público, a 'Ração de Papagaio' fez referência à forma como um dos investigados se referia à propina que recebia de agentes públicos. Cerca de 30 pessoas foram investigadas por suspeitas de desvios de recursos públicos no município.
Enoch e o secretário Acir Silva de Oliveira (Planejamento) foram presos quando retornavam de uma viagem a Montes Claros. Há ainda mais dois mandados de busca e apreensão contra outros assessores do prefeito. O advogado da Prefeitura Hudson Aparecido Pena Arruda, além do secretário de Saúde, Weverton Silva Dias, também estariam detidos na sede da Polícia Civil em Montes Claros. As chances de que o prefeito e seus assessores passem o Natal na prisão não são pequenas, porque o Judiciário funciona em sistema de plantão pelos próximos dias.
A decisão que autorizou a prisão de Enoch e outros três secretários da Prefeitura de Jaíba saiu na terça-feira (22) e leva a assinatura do desembargador Eduardo Machado, da quinta turma criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Longa noite de crise
Jaíba atravessa longa crise política desde novembro de 2013. Naquele mês, a Câmara Municipal cassou o mandato do prefeito Jimmy Murça (PCdoB), sob a acusação de licitações fraudulentas, nepotismo e contratações de funcionários fantasmas. Desde então, o município enfrenta recorrentes abalos sísmicos na sua ordem política com o troca-troca de prefeitos, escândalos na Câmara de Vereadores e investigação permanente sobre os principais personagens da política local.
Com a cassação de Jimmy, o então presidente da Câmara, Júnior Leonir Guimarães (PSDB), assumiu o cargo até a posse do vice Enoch Lima, que também passou por processo de cassação pela Câmara em meados deste ano, mas conseguiu reverter a decisão no Judiciário. A própria Câmara de vereadores também está sub judice. Nada menos que 10 dos 13 vereadores são investigados por suspeitas de desvios de dinheiro público.
O presidente da Câmara, Valdemir Soares da Silva (DEM), denunciado no escândalo do pagamento de diárias fictícias a vereadores, sempre teve interesse na cassação de Enoch, já que é o próximo nome na linha de sucessão no município. Valdemir chegou a ser afastado da cadeira de vereador por liminar judicial em junho passado, porque se recusava a convocar o próprio suplente e de outros seis colegas enquanto durava a investigação interna da Casa sobre a farra das diárias.
Ainda assim, o presidente da Câmara pode assumir o cargo de prefeito após o Natal, no que repete crise parecida com aquela vivida no final de 2013, quando a cidade não sabia quem seria seu prefeito na virada do ano. Na ocasião, um mandado de segurança expedido pela então titular da Comarca de Manga afastou Enoch da cadeira de prefeito 10 dias depois ele ter assumido a vaga aberta com o impeachment do titular Jimmy Murça. Enoch e Júnior Leonir se revezaram no cargo, em dezembro também eletrizante na política local.
Caso se confirme a posse do vereador Valdemir Soares no cargo de prefeito de Jaíba, a Presidência da Câmara passa para as mãos de Farrique da Silva (PSB), que esteve muito perto de mudar seu código de endereçamento postal para a Prefeitura de Jaíba em julho passado, quando uma Comissão Processante cassou o mandato de Enoch Lima. Farrique chegou a se dirigir para o gabinete do prefeito para tomar posse, mas fou barrado por força de liminar do juiz da Comarca de Manga, Eliseu Fonseca.
Intimidação de testemunha
O prefeito e seus assessores foram detidos nesta véspera de Natal porque supostamente teriam tentado ameaçar o empresário Antônio Carlos da Silva, um dos delatores da operação ‘Ração de Papagaio’. Antônio Carlos é dono da empresa Lázaro Moisés, que mantinha contratos com a Prefeitura de Jaíba em valores superiores a R$ 8 milhões. Um desses contratos tem como objeto a manutenção da limpeza pública na cidade.
Gravações feitas pela Polícia Federal teriam flagrado o momento em que o delator Antônio Carlos recebe propostas para mudar o seu depoimento ao Ministério Público. O assunto foi motivo de reportagem do quadro ‘Cadê o dinheiro que estava aqui?”, do Fantástico, exibido pela Rede Globo em agosto do mês passado. Na ocasião, o prefeito Enoch negou todas as acusações. (Fonte: site Em Tempo Real com Luís Cláudio
Guedes)
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