*texto publicado no jornal Estado
de Minas, suplemento Agropecuário (anexo)
Por Luiz Ribeiro
A escassez de chuvas é um
problema histórico no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha. Porém, nos
últimos três anos a estiagem ficou mais severa e os prejuízos para o agronegócio
nesta parte do estado tornaram-se arrasadores. “Chegamos ao quarto ano de seca.
Os danos para o setor são incalculáveis”, afirma José Aparecido Mendes Santos,
presidente da Associação dos Sindicatos dos Produtores Rurais do Norte de Minas
e do Vale do Jequitinhonha (Aspronorte).
Ele estima que num intervalo de
dois anos o Norte de Minas e o Jequitinhonha tiveram perda de 1 milhão de
cabeças de gado. O rebanho das duas regiões diminuiu de 3,9 milhões para 2,9
milhões de reses, de acordo com dados do Instituto Mineiro de Agropecuária
(IMA). “Cerca de 800 mil cabeças foram vendidas para outras regiões de Minas e
para fora do estado. A fome e a sede mataram 200 mil animais devido à seca”,
assegura Mendes Santos, que também dirige o Sindicato Rural de Janaúba.
Os pecuaristas terão grande
dificuldade para continuar alimentando os rebanhos se as chuvas não retornarem
em breve. “Com a estiagem prolongada, 70% das pastagens não têm condições de
receber o gado”, afirma o presidente da Aspronorte. Ele cobra da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab) a redução do preço do milho vendido aos
pequenos produtores, negociado, atualmente, a R$ 23,10 a saca de 50 quilos.
Pede, ainda, a instalação de mais postos de distribuição de milho em municípios
do Norte do estado e do Jequitinhonha – atualmente, nas duas regiões, o produto
é entregue somente na unidade da Conab em Montes Claros.
Em 2014, os agricultores do Norte
de Minas só viram chuva pra valer mesmo no fim de novembro e início de
dezembro. Durante todo mês de janeiro, a região foi castigada por um sol
abrasador, que destruiu as plantações. O presidente da Sociedade Rural de Montes
Claros, Osmani Barbosa Neto, observa que por conta do veranico as lavouras de
milho da região foram perdidas, enquanto as pastagens tiveram perdas de 65%. “Não
sou de desanimar. Mas, neste ano, a situação está seriíssima para os produtores
rurais”, comenta Barbosa Neto. Ele defende que os bancos oficiais prorroguem o
prazo de pagamento dos financiamentos rurais. (Fonte: jornal Estado de Minas,
suplemento Agropecuário, edição de 2 de fevereiro de 2015)
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