Angelica Diniz
Especial para O
Tempo
A crise hídrica
que atinge Minas Gerais afetou também o rebanho bovino e tem deixado milhares
de pecuaristas amargando prejuízos em diferentes regiões do Estado. Em um ano,
por causa da longa estiagem, o rebanho foi reduzido em cerca de um milhão de
cabeças – uma queda de 25% entre 2013 e 2014.
De acordo com
informações do presidente da Associação dos Sindicatos de Produtores Rurais do
Norte de Minas e do Jequitinhonha (Aspronorte), José Aparecido Mendes Santos,
desse total, cerca de 800 mil cabeças foram vendidas para outros Estados e 200
mil morreram por falta de alimentação. “A situação, que já era difícil há pelo
menos três anos, agora está crítica. Com essa seca, a pior dos últimos 60 anos,
amargamos uma perda de, no mínimo, 40% da produção pecuária”, revelou.
No Norte de Minas,
houve redução de 60% das pastagens, principal alimento do rebanho. Com isso, o
presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, Osmani Barbosa Neto, afirma que
a produção de leite registrou redução de 50% desde 2010. “Os pecuaristas da
região já deixaram de produzir 600 mil litros ao dia, o que provocou um rombo
de R$ 400 mil/dia. Para a carne, o número é ainda maior: 75% menos produção”,
informou Barbosa, destacando ainda que dos 730 rios e córregos, 70% estão
secos.
Foto Samuel
Aguiar/Jornal O Tempo
Em Pompéu, na
região Centro-Oeste, o momento é de preocupação extrema, conforme o presidente
do Sindicato Rural da cidade, Antônio Carlos Barbosa Álvares. Com
aproximadamente 700 produtores, o estrago na produção pecuária já atinge 70%
deles, principalmente no setor leiteiro.
“Os custos
aumentaram em 40%, e o valor do leite caiu R$ 0,13. O prejuízo é de 20% em
média”, contabilizou Álvares. Também no município, cerca de 30 fazendas
chegaram ao limite e estão sendo abastecidas por caminhões-pipa doados pelo
sindicato e pela prefeitura.
Prejuízo. O
produtor Cristiano Farley da Mota, 38, relata o que chama de grave crise de
Pompéu nos últimos anos. Proprietário de uma fazenda com 300 animais, ele conta
que os custos para alimentação do rebanho cresceram até 35%, já que os pastos
estão secos.
Nas outras
fazendas onde Mota presta serviço como veterinário, a perda de produtividade
gira em torno de 40%. “Estamos tendo de ‘fechar o gado’ (confinar para engorda)
pelo menos dois meses antes do normal. Isso significa que temos de deixar os
animais presos no curral, alimentando-se em coxos”, disse.
Repasse
Inflação. Segundo
cálculos do IBGE, FGV e Ipead/UFMG, o preço da carne já está até 22% mais caro,
dependendo do corte. E a alta é provocada pelas pastagens mais secas e boi mais
magro.
LÍDERES RURAIS
CULPAM ESTADO PELA CRISE
A falta de
parceria governamental e de políticas públicas no setor rural são reclamações
constantes entre líderes de sindicatos e entidades representativas. O
presidente da Sociedade Rural de Montes Claros, Osmani Barbosa Neto, afirmou
que apesar de prestar assistência aos produtores, falta apoio por parte do
Estado. Segundo ele, há mais de quatro anos a entidade reivindica a criação de
um Centro de Convivência com a Seca para promover a agricultura no semiárido.
“Nunca fomos atendidos”.
O presidente da
Associação dos Sindicatos de Produtores Rurais do Norte de Minas e do
Jequitinhonha, José Aparecido Santos, afirma que a construção de barragens para
o acúmulo de água seria uma solução. Já Antônio Carlos Álvares, do sindicato de
Pompéu, dispara: “A falta de água, que chegou a esse ponto crítico, é pura
falta de eficiência na gestão”. (Fonte: jornal O Tempo)
Detalhes no link
http://www.otempo.com.br/capa/economia/rebanho-em-minas-gerais-%C3%A9-reduzido-em-25-em-um-ano-1.984612
http://www.otempo.com.br/cmlink/hotsites/crise-estrutural-do-brasil/l%C3%ADderes-rurais-culpam-estado-pela-crise-1.984613
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