JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – Quarta semana de setembro de 2013 na cidade de Janaúba,
o segundo município mais populoso do Norte de Minas.
“...Tirar
fotografia
Prá
arrumar meus documentos...
É
carteira disso, daquilo
Que
até já amarelou
Minha
certidão de nascimento
E
ainda por cima...
Tem
que pagar prá nascer
Tem
que pagar prá viver
Tem
que pagar prá morrer...”.
Esse
é o trecho da música “Pare O Mundo Que Eu Quero Descer”, de Sílvio Brito, que,
acredito, serve de enredo para a situação urbana e, pasmem, desumana a qual
alguns moradores têm sido submetidos quanto à aquisição ou renovação da cédula
de identidade, um dos mais importantes documentos pessoais.
Foto Júnior Soares
Moradores dormem em frente à delegacia para
conseguir o documento de identidade.
Dormir
na calçada, sendo propício às intempéries e até da violência é fato,
é lamentavelmente, antigo problema em Janaúba. Essa condição é vivenciada na porta da
Delegacia de Polícia Civil onde se encontra o setor de Identificação, na rua
Governador Valadares, bairro São Gonçalo.
A
partir de 19h é possível verificar o cidadão se acotovelando para ser um dos
primeiros dos poucos a serem atendidos na manhã seguinte. Há quem fique no
local desprovido de condições humanas e segurança por mais de 12 horas.
Enquanto a maior parte da cidade “dorme”, lá na porta da Delegacia/Setor de Identificação
ficam os cidadãos (homens e mulheres, e jovens) com o único intuito: o
documento de identidade.
Mas,
enquanto passam por esse constrangimento, os janaubenses automaticamente fazem
uma função que a eles não compete: vigiam o patrimônio público (delegacia).
E
esse fato não tem sido privilégio apenas do setor de investigação. Também não é
raro ocorrer de cidadãos dormirem na porta do órgão onde emite outros
documentos, caso da carteira do trabalho e procedimentos quanto ao
seguro-desemprego, e até em hospitais. E por falar em seguro-desemprego, também
não é diferente a cidade de Janaúba amanhecer com fila, média e longa, pela
calçada em frente à agência da Caixa Econômica Federal em que trabalhadores vão
a busca de benefícios proporcionados pela legislação trabalhista. Ficam horas e
horas em desconforto.
Esses
fatos nos relembram o triste quadro das longas filas de espera nos órgãos de
Previdência Social anos atrás. A cena era tão deprimente e constante que
qualquer tipo de fila em qualquer lugar imediatamente recebia a denominação de “fila
do INPS”.
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