Diretor
geral da Colonial Agropecuária, José Aparecido Mendes conta para a (revista)
MAIS os desafios e realizações durante sua gestão à frente do Sindicato Rural
de Janaúba.
Foto Sílvio da Silva
JANAÚBA
(por Oliveira Júnior) – Técnico em Agropecuária por formação e administrador
por dedicação, José Aparecido Mendes Santos, 47 anos, é apontado como uma das
mais atuantes e influentes lideranças do agronegócio do Norte de Minas e do
Vale do Jequitinhonha. Atualmente ele tem três importantes atribuições: presidente
do Sindicato dos Produtores Rurais de Janaúba, período de 2010 a 2012;
presidente da Aspronorte – Associação dos Sindicatos dos Produtores Rurais do
Norte de Minas e do Jequitinhonha – no período de 2011 a 2014; e diretor geral
da Colonial Agropecuária, empresa onde atua há 29 anos. Mineiro de Santa Cruz
de Salinas, José Aparecido conversou com a (revista) MAIS sobre os desafios em comandar o
Sindicato Rural de Janaúba que está entre os cinco melhores do estado, conforme
avaliação da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg) que
agrega 400 entidades.
Foto Paulo & Galego
José Aparecido e Roberto Simões, presidente da
Faemg.
MAIS
– Desde quando você atua no Sindicato dos Produtores Rurais de Janaúba?
JOSÉ
APARECIDO – Em 1998 entrei na diretoria do Sindicato na função de diretor de
Desenvolvimento Tecnológico. Permaneci por três mandatos na função de diretor.
Em 2006 fui convidado para compor chapa como presidente, mas devido a outras
atribuições decidir pela candidatura de vice-presidente na chapa do amigo
Huarrisson Antunes Cangussu, o Bionicão. Fomos eleitos para a gestão de 2007 a
2009. Em 2010 assumi a presidência com mandato a ser concluído no final de
2012, tendo o Bionicão como vice-presidente.
MAIS
– Qual é a diferença de atuar ao mesmo tempo numa empresa e em uma entidade?
JA
– A diferença é muito grande. Na empresa, principalmente na empresa onde
trabalho há 29 anos e 5 meses tenho total liberdade para poder atuar, definir,
resolver como diretor. Na instituição sindical a gente tem que compartilhar as
decisões com 22 diretores do sindicato e ao mesmo tempo é um cargo sem
remuneração. Então a gente tem que dá atenção, dedicação a essa entidade. E nem
sempre todos os diretores têm o mesmo tempo. A gente tem que reconhecer isso
para poder utilizar o tempo disponível de cada um e fazermos um trabalho com
sucesso. Ressalto mais uma vez que o presidente e nenhum diretor têm
remuneração.
Foto Paulo & Galego
Senador Aécio Neves e José Aparecido.
MAIS
– É gratificante ser presidente do sindicato?
JA
– Muito gratificante. Senti realizado principalmente nesse período de
presidente e até quando fui vice-presidente na gestão de Bionicão, pois atuamos
sempre juntos. Somos grandes amigos e no sindicato decidimos em conjunto. Isso
facilitou muito. Então o orgulho de ser presidente do Sindicato Rural é muito
grande, porque nasci na área rural, sou filho, neto e bisneto de produtor
rural. Morei toda a minha infância na área rural e vim trabalhar, sendo o meu
primeiro emprego, na área rural. Para mim foi um orgulho muito grande de ser
presidente do Sindicato Rural e, principalmente, pelo reconhecimento dos
companheiros diretores e de todos os associados que me elegeu presidente do
Sindicato Rural nesses três anos.
Foto Divulgação
Senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação
Nacional de Agricultura e Pecuária, e José Aparecido Mendes.
MAIS
– A sua constante participação em eventos do agronegócio Brasil afora tem lhe
ajudado para administrar o sindicato rural?
JA
– Muito. O meu relacionamento com entidades nacionais, caso da Associação
Brasileira dos Criadores de gado Zebú (ABCZ), da Associação dos Criadores de
Nelore do Brasil, Associação Mineira dos Criadores de Nelore, inclusive fui
diretor de núcleo de criadores de nelore e mocho do Brasil, ajudou muito a ter
vontade de participar e fazer as coisas da forma que a gente sempre aprendeu
tanto na empresa de Dr. Gabriel (Andrade), que é uma escola, fazer uma gestão
participativa, planejada e com competência.
Foto Oliveira Júnior
José Aparecido entre a
diretora Dollar e alunos da escola municipal da comunidade de Jacaré Grande em visita
à ExpôJanaúba através do projeto Criança no Parque.
MAIS
– Tão logo você assumiu a presidência do sindicato qual foi a primeira
providência tomada com relação ao sindicato e ao parque de exposições?
JA
– Quando falo da minha presidência, refiro também à gestão a partir de 2007,
presidida por Bionicão, quando desde então trabalhamos em conjunto. A primeira
coisa que preocupamos foi colocar o sindicato apto para receber recursos,
firmar convênios, regularizar a situação dos funcionários, ou seja, a
organização administrativa do sindicato. Também nos preocupamos em implantar no
sindicato uma administração executiva profissional, transformando a
administração com um gestor, missão essa atribuída à Neurisvaldo que está com a
gente desde o início. Com isso foi possível obter a credibilidade do sindicato
e a revitalização do parque de exposições. Na minha gestão de presidente a
preocupação foi no sentido de estreitar o relacionamento com as entidades
co-irmãs do sistema sindical rural que é a Federação da Agricultura do Estado
de Minas Gerais (Faemg), que congrega 400 sindicatos rurais do estado, e com a
Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) seguindo todos
os trabalhos norteados por essas entidades. A participação do Senar (Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural) também foi fundamental para concedermos
melhores condições para os trabalhadores e produtores rurais. Um dos marcos
mais importante da nossa gestão 2010/2012 é o número de produtores e
trabalhadores treinados. Devemos concluir a gestão com 2 mil pessoas
capacitadas através de 160 cursos de aperfeiçoamento da mão de obra na área rural.
Temos participado e sido ouvidos nas reuniões da Faemg onde são recebidas todas
as nossas reivindicações. O presidente da Faemg, Roberto Simões, que, desde o
ano passado é presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae nacional, dá total
apoio à ExpôJanaúba. Então isso facilitou o relacionamento com essas três
entidades. Desde 2007, junto com o presidente Bionicão, e intensificamos em
2010, foi ampliado o quadro de associado do sindicato rural que abrange Janaúba
e mais nove municípios, compreendendo uma área com mais de 3 mil produtores
rurais inscritos no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e não poderia ficar
com apenas 47 sócios quando assumimos, em 2007. No final da gestão de Bionicão,
em 2009, com 81 sócios e temos orgulho de chegar agora, em meados de maio de
2012, em torno de 360 sócios, incremento de 344% nos últimos dois anos e meio.
Esse é o maior crescimento de sócios em sindicato rural do nosso estado.
Foto Paulo & Galego
Vice-presidente do Sindicato
Rural de Janaúba, Huarrisson Antunes, o Bionicão, o ex-deputado federal
Virgílio Guimarães, o deputado federal Gabriel Guimarães e José Aparecido.
MAIS
– Dentre esses novos sócios a maioria é pequenos produtores rurais. Porque dessa
inclusão da agricultura familiar no sindicato rural?
JA – Para mim a agricultura familiar é uma das mais
importantes. Por ter sido filho e neto de pequeno produtor, entendo que devemos
analisar o pequeno agricultor como aquele que produz com custo baixo, com
eficiência. Porque, na realidade, ele atua junto com os familiares, com os
agregados. Esse pequeno produtor estava sem apoio, fato esse ocorrido em todo o
país. A adesão dos agricultores familiares é uma luta e um exemplo do Sindicato
Rural de Janaúba entre os 400 sindicatos do estado. Em todas as reuniões que
participamos da Faemg é citado o sindicato de Janaúba pelo crescimento. O
objetivo nosso é trazer o pequeno produtor rural para dentro do sindicato
rural, pois a entidade não representa só o grande e o médio produtor. É
importante para a entidade ter o produtor desde que ele tenha 0,5 hectare até o
máximo. Nesse número de associado de 2010 até meados de 2012 temos o orgulho em
dizer que 85% dos produtores associados nesse período são de 1,0 a 50 hectares.
O nosso sindicato tem hoje apenas 7% de produtores acima de 500 hectares. Isso
demonstra o quanto nós temos trabalhado para o pequeno produtor dando lhe
condição de conhecimento e capacitação. O pequeno produtor é importante para
nós. Em 2007, criamos a Feira da Agricultura Familiar com apenas 12 estandes
durante a ExpôJanaúba. E hoje, na ExpôJanaúba, temos 94 estandes na agricultura
familiar, sendo, portanto, a principal mostra do setor no estado de Minas
Gerais e a única realizada numa exposição agropecuária do nosso estado com o
nível que fazemos aqui.
Foto Divulgação
Governador Antônio Anastasia e José Aparecido.
MAIS
– Verifica-se no parque de exposições e durante a ExpôJanaúba investimento para
os tratadores de animais. Porque isso?
JA
– Após a fase de se tornar o Sindicato Rural adimplente e preparado para firmar
convênios nos preocupou em revitalizar o parque. Começamos com algumas obras
importantes e uma delas foi o restaurante do produtor, pois o ambiente anterior
tinha espaço para no máximo cinco mesas. Pela tradição da criação de gado de
corte na região, não podia a exposição de Janaúba atrai no máximo 100 animais
para o julgamento, sendo que há no parque 420 argolas nos seis pavilhões. Para
incentivar os criadores a trazerem mais animais para os julgamentos decidimos
em oferecer mais conforto e comodidade aos produtores. Construímos, em 2008, um
dos melhores lavadores de animais, superando o de Uberaba. Neste ano dobramos a
capacidade desse lavador para facilitar o trabalho dos
apresentadores/tratadores de animais. Construímos banheiros específicos para os
tratadores; reformamos os pavilhões e entre eles adotamos infra-estrutura para
o alojamento desses tratadores que são importantes na exposição. Desde 2007 a
nossa exposição vem tendo crescimento. Em 2010 e 2011 a ExpôJanaúba foi a maior
exposição do estado, fora do circuito de Uberaba, pelo ranking nacional da
Associação dos Criadores do Nelore do Brasil. Neste ano estamos esperando, mais
uma vez, entre 350 e 400 animais para a pista de julgamento o que confirma que
realizamos a maior exposição de Minas.
MAIS
– Para alcançar todas essas conquistas e investimentos são necessários recursos
financeiros e logísticos. O sindicato tem conseguido apoio dos governos?
JA
– Temos conseguido alguma coisa com os governos estadual, federal e municipal,
mas não é suficiente diante de um investimento grande que estamos fazendo
nesses três anos no sindicato. Somente nesta gestão serão investidos R$ 4,5
milhões, sendo que R$ 3,2 milhões virão de uma venda de 21 lotes feita pelo
Sindicato Rural com uma valorização em três anos da ordem de 900%. O metro
quadrado passou de R$ 44,00 para R$ 350,00 em dois anos e meio. Esses R$ 3,2
milhões estão sendo investidos em obras que venham dar ao Sindicato Rural a
segurança permanente de recursos para administrar a entidade, que é o centro
comercial no qual estão sendo investidos R$ 2,1 milhões. E estamos investindo
em toda a infra-estrutura no tathessal de leilões de animais, pois é onde que
gera a maior receita do sindicato rural ao longo do ano. Todos os outros
investimentos no parque de exposições, caso de 24,8 mil metros quadrados de
pavimentação asfáltica (12 mil metros quadrados neste ano e 12,8 mil metros
quadrados no ano passado) e benfeitorias, são recursos do próprio sindicato.
Não com a venda de lotes, mas sim, com recursos próprios oriundos do aluguel
dos espaços (são quatro ambientes disponíveis para alugar) para eventos e dos
resultados das exposições que eram deficitárias até o ano de 2006. A partir de
2007 começamos a ampliar os investimentos na exposição e os resultados
positivos apareceram. A ExpôJanaúba de 2011, por exemplo, gerou em torno de R$
350 mil de resultado positivo. E para este ano, nós acreditamos, vamos
conseguir esses recursos e por isso estamos novamente investindo em
asfaltamento de mais 12 mil metros quadrados no parque de exposições.
Foto Paulo & Galego
José Aparecido e o cantor Amado Batista, na 29ª
ExpôJanaúba.
MAIS
– Qual é o maior desafio do sindicato rural? Realizar a exposição ou lidar com
os restantes dos meses do ano?
JA
– Na realidade a exposição é o mais difícil, principalmente do nível que
estamos fazendo. A exposição de Janaúba hoje não concorre só no estado, mas é
comparado com as principais do nosso país principalmente se considerar a
estrutura montada. Trouxemos para dentro do parque de exposições de Janaúba não
apenas o produtor rural. Temos todos os segmentos comerciais e econômicos,
inclusive a que atende a área social. Implantamos três shoppings no parque de
exposições com mais de 200 estandes indo desde a agricultura familiar com o
volume grande de participação até o segmento de comércio da parte de automóveis,
veículos, máquinas, implementos agrícolas. Além disso, os nossos leilões de
animais são os maiores do nosso estado onde, neste ano, temos 11 leilões com 12
mil animais disponibilizados para serem comercializados. Então não é fácil
montar uma estrutura nesse nível, mas é viável realizar com infra-estrutura
grande com apoio da diretoria que nos dá autonomia e também o apoio de toda a
comunidade que está integrada conosco.
MAIS
– Com relação à parte artística como o sindicato trás shows de artistas de renome
nacional e internacional sendo que o poder aquisitivo da região é tão baixo?
JA
– Isso tem sido possível através da venda antecipada de passaportes. Nós
conseguimos isso em Janaúba espelhando em outras exposições de sucesso. Mesmo a
nossa região não tendo o mesmo nível economicamente e PIB (Produto Interno
Bruto) de outras regiões, conseguimos fazer isso com planejamento. Fomos
crescendo ano a ano e observando que a população tinha interesse em pagar por
shows de melhor qualidade. Então fomos melhorando a cada passo e no ano passado
lançamos o passaporte com quitação em seis parcelas facilitando ao público.
Isso tem dado certo. Por exemplo, na ExpôJanaúba do ano passado conseguimos um
público de 260 mil pessoas nos 10 dias do evento.
Foto Sílvio da Silva
José Aparecido Mendes,
presidente do Sindicato Rural de Janaúba.
MAIS
– Há 5 anos e meio você está ligado direto e ativamente ao sindicato rural e à
ExpôJanaúba. Você tem disponibilidade para continuar comandando essa entidade?
JA
– Entendo que cada pessoa que assume uma entidade como o Sindicato dos
Produtores Rurais de Janaúba, que hoje é um dos cinco melhores do estado, tem
que dá espaço para outras pessoas. Já dei a minha contribuição na função de
diretor no período de 1998 até 2006, como vice-presidente de 2007 a 2009, e
presidente de 2010 a 2012. Ao concluir esse meu mandato, acredito que será o
momento de eu ir para o Conselho Consultivo - que nós criamos em formato de
diretoria - junto com os ex-presidentes. O propósito é de renovar para que
outro companheiro possa assumir e que nós continuemos dando respaldo para o
crescimento do sindicato.
MAIS
– Qual é a avaliação do José Aparecido ruralista, presidente e cidadão diante
de uma entidade classista?
JA
– O que mostra aqui, no sindicato, é um trabalho baseado na união, na
determinação e na força de vontade de fazer o melhor. As pessoas que estão aqui
têm o propósito de ajudar. Somos 22 diretores e cada um contribuindo com aquilo
que pode. Todos estão juntos por realizar um trabalho melhor. A nossa região é
muito forte, pois o maior pólo de agropecuária do nosso estado é o Norte de
Minas se destacando em pecuária de corte e na fruticultura que são a base da
economia regional.
MAIS
– Para finalizar, o que o presidente José Aparecido diria hoje aos funcionários
do sindicato, aos associados e ao público em geral?
JA
– O momento é de agradecimento, é de reconhecimento por tudo que recebi neste
período aqui. A amizade, o companheirismo, o comprometimento, a dedicação e o
orgulho em trabalhar aqui são muito grandes. Agradeço ao associado em geral que
acreditaram em nosso trabalho. Entendo que a população precisa utilizar o
Sindicato Rural, que é uma entidade maior de defesa dos produtores rurais.
Desta forma agradeço também à população que tem apoiado e prestigiada as
ExpôJanaúba, que ao lado do parque de exposições são admiradas pela população.
É por isso que temos que mostrar a nossa capacidade e ter o nosso tempo
dedicado para podermos fazer o melhor não só para os nossos associados, mas
também para toda a comunidade que usa das nossas instalações. A todos o nosso
muito obrigado. (Fonte: revista MAIS, edição maio/junho 2012)
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