Foto Oliveira Júnior
Beatriz Fagundes, prefeita de Mato Verde: afastada do cargo.
MATO VERDE (por Oliveira Júnior*) – A constituição de uma empresa supostamente fantasma pode ter resultado no desvio de mais de R$ 220 mil da Prefeitura de Mato Verde, aqui no Norte de Minas. O caso veio à tona com a ação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), nesta cidade. Com apoio da Polícia Federal e da Polícia Militar, o MPMG agiu terça-feira, dia 21 de junho.
Agentes do MPMG realizaram em Mato Verde a operação de busca e apreensão para apurar desvio e apropriação de recursos públicos. A Justiça mineira determinou o afastamento do cargo da prefeita de Mato Verde, Beatriz Fagundes Alves (PT), 55 anos, e de três secretários municipais por suspeita de desvio e apropriação de recursos públicos.
Nas primeiras horas da manhã desta terça-feira a rotina da pacata Mato Verde foi alterada com a presença inesperada de veículos da Polícia Federal e do Ministério Público. A cena anormal chamou atenção da população, principalmente quando os veículos pararam em frente à prefeitura. O local foi literalmente “invadido” pelos curiosos.
A prefeitura Beatriz Fagundes ou Beatriz do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mato Verde, foi eleita em 2008 pela coligação “Esperança e Fé por Mato Verde”, formada pelos partidos PT/PP/PHS/DEM e PPS, e, juntamente com o vice-prefeito Antônio Pinheiro Teixeira, o Tone de Liobino (PP), foi eleita com 4.482 votos (52,45%) contra 4.064 votos dados ao médico Djalma Antônio Silveira Freitas (PMDB), candidato a prefeito na coligação “Movimento Progressista Matoverdense” composta pelos partidos PMDB/PR/PSDB.
Para apurar as possíveis fraudes, o MPMG ouviu testemunhas, analisou documentos e realizou hoje na cidade uma operação de busca e apreensão na residência e no local de trabalho da prefeita, dos três servidores públicos, de “laranjas” e do contador do município, suspeitos de participarem do esquema.
Por solicitação do MPMG, a Justiça determinou ainda a indisponibilidade dos bens da prefeita, do tesoureiro do município, que é filho dela, do secretário municipal de Administração e do chefe do setor de licitações da prefeitura.
Segundo apurou o MPMG, a prefeita de Mato Verde e o filho dela emitiam cheques em nome de pessoas como se elas tivessem prestado algum serviço ao município. Para conseguir sacar os valores no banco, os suspeitos falsificavam a assinatura dessas pessoas.
O MPMG apurou também que os suspeitos contratavam uma empresa fantasma para prestar serviços ao município. Para criar essa empresa de fachada, duas pessoas teriam sido usadas como “laranja” pelo grupo.
As investigações apontaram que essa empresa vencia as licitações fraudulentas e simulava o fornecimento de bens e de serviços ao município. Há indícios, conforme a apuração, de que dos valores pagos a ela eram divididos entre os suspeitos. Um levantamento feito pelo MPMG aponta um prejuízo aos cofres públicos estimado até o momento em mais de R$ 220 mil.
Com o afastamento da prefeita, segundo determinação da juíza Gicélia Milene Santos, da Comarca de Monte Azul, o vice-prefeito Tone de Liobino ou o presidente da Câmara de Vereadores, Vanderlindo Teixeira de Souza, o “Nego” (PHS), 63 anos, poderá assumir a prefeitura de Mato Verde interinamente. O trabalhador rural e atual presidente da Câmara, “Nego” foi o menos votado entre os eleitos em 2008.
Naquela ocasião, “Nego” obteve 378 votos, enquanto que o mais votado conseguiu 1.219 votos. A Câmara de Mato Verde possui 9 vereadores, sendo que em outubro de 2008 a coligação “Esperança e Fé por Mato Verde”, que dá sustentação à prefeita, elegeu cinco vereadores, entre eles o atual presidente da Câmara. Mato Verde possui 12.685 habitantes, segundo o Censo 2010, dos quais 10.400 são eleitores, conforme dados do Tribunal Regional Eleitoral. (*com informação da Assessoria de Comunicação do Ministério Público de Minas Gerais).
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