MONTES CLAROS – “Todo artista tem de ir aonde o povo está”. Este verso da canção “Nos Bailes da Vida”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, tem sido levado a sério pelo Grupo teatral Arte. Após mais de 100 apresentações do grande sucesso teatral “Deus é amor, mas também é humor”, já assistido por mais de 25 mil pessoas, em Montes Claros e em diversas outras cidades do Norte de Minas, o espetáculo está sendo levado a um outro tipo de público, que não pode ir ao teatro: os encarcerados.
No final do mês maio, a peça teatral foi encenada no interior do CSENSA - Centro Socioeducativo Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Industrial, em Montes Claros, para cerca de oitenta menores internos.
Neste sábado, dia 10 de julho, às 9h, será a vez das presidiárias e dos presos albergados de Montes Claros assistirem, no interior do presídio, do bairro Alvorada, a comédia “Deus é amor, mas também é humor”. A platéia será composta por cerca de 70 detentas, além dos reclusos albergados, agentes penitenciários e voluntários da Pastoral Carcerária.
Segundo Dílson Antônio Marques, coordenador da Pastoral Carcerária em Montes Claros, um dos organizadores do evento, as presidiárias estão aguardando ansiosamente pela apresentação, já que a maioria delas jamais tiveram a oportunidade de assistir a uma peça de teatro antes. Ele explica que elas viram a divulgação e repercussão da peça “Deus é amor, mas também é humor” na televisão e jornais e que ficaram muito contentes ao saber que a peça vai ser apresentada no interior do presídio.
Antes da apresentação, os detentos assistirão a uma palestra do diretor do grupo Arte e autor da peça, Cláudio Prates, que é policial federal e atua em trabalhos de prevenção e conscientização sobre uso e abuso de drogas.
“Esperamos, com este evento minimizar os aspectos negativos do mundo prisão, promovendo o resgate do ser humano, dessas pessoas afastadas do convívio social e que merecem dignidade em suas vidas, que também fazem jus, além da inclusão cultural. O ser humano vale mais que o pecado que ele cometeu. Ninguém é irrecuperável”, conclui o coordenador da pastoral carcerária.
“Parabenizo a Pastoral Carcerária de Montes Claros pela iniciativa de levar arte e cultura para dentro do presídio; também abraçamos essa idéia. O artista, de fato, tem de ir aonde o povo está. E se o povo está na cadeia, vamos levar o teatro até eles. De modo geral, as pessoas tendem a ter uma visão negativa e preconceituosa em relação aos presos; muitos pensam que só existem pessoas ruins atrás das grades. Isso não é verdade. A sociedade precisa entender que temos de dar oportunidades a todos. Dentro de um presídio, mais 80% dos homens e mulheres encarcerados estão presos por uma ligação direta com álcool ou outras drogas, são pessoas boas, que erraram e estão pagando pelos seus erros; são pais, mães de família e jovens desprovidos de uma estrutura familiar e que, por isto, foram para o crime”, conclui Cláudio.
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