ESTUDO REGISTRA PRESENÇA DE DEFENSIVOS NOS RIOS GORUTUBA E VERDE GRANDEFoto Divulgação

Trecho do rio Verde Grande no município de Verdelândia.
MONTES CLAROS (por Girleno Alencar) – Os rios Gorutuba e Verde Grande apresentaram pontos de contaminação com agrotóxicos proibidos de comercialização no Brasil, que são DDT e metoxcicloro. Esses dados fazem parte de estudos realizados pela empresa Ecoplan, contratada pela Agência Nacional de Águas, que foram divulgados durante audiência pública realizada no auditório da Sociedade Rural de Montes Claros, na quarta-feira, dia 28. A presença desses produtos foi constatada nas proximidades de Janaúba e de Jaíba.
De acordo com o coordenador do levantamento, engenheiro Sidnei Aira, eles foram usados como defensivos agrícolas e podem ter sido aplicados há mais tempo, antes da proibição, na década de 1990. A Ecoplan está elaborando, desde o primeiro semestre deste ano, o Plano de Recursos Hídricos, que tem por objetivo assegurar a sustentabilidade do uso da água como instrumento de promoção do desenvolvimento socioeconô-mico da região. O Rio Verde Grande faz parte da principal bacia produtiva do Norte de Minas.
Os estudos realizados pela Ecoplan que foram apresentados na audiência pública apontam que o maior problema da bacia hidrográfica é a contaminação com esgoto, principalmente da cidade de Montes Claros, que o despeja no Rio Vieira e, depois, no Verde Grande. Segundo Sidnei Aira, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), que está em fase final de construção, receberá 83% desses dejetos.
“Por enquanto, somente 5% do esgoto das cidades que formam a bacia é tratado. Quando a ETE de Montes Claros ficar pronta, esse índice aumentará para 60%. A pesquisa comprovou ainda que falta oxigênio no leito do Rio Gorutuba, próximo à cidade de Janaúba, e a explicação técnica é que a Barragem do Bico da Pedra, com aproximadamente 40 metros de profundidade, fica sem luz no fundo e essa água fica sem oxigênio. A água sai por um escape e chega ao leito do rio sem oxigênio. Uma mudança técnica, na forma de forma de operação, acabará com esse problema”, garante Sidnei Aira.
Outro aspecto apontado pela pesquisa é que a bacia hidrográfica está com um déficit muito alto, de 30%, principalmente no período da seca. Sidnei Aira alega que 85% da água é usada para irrigação e, com isto, o leito é interrompido no período da seca, principalmente em setembro, nas proximidades de Jaíba. Segundo ele, a utilização da água subterrânea alivia a situação, na estiagem, e “permite que se haja equilíbrio na vazão do leito do rio”.
Aira lamenta que ainda ocorra retirada clandestina da água, principalmente de poços. De acordo com ele, “se houvesse exploração racional, o problema do rio estaria solucionado”. O engenheiro alega que, como tecnicamente não é possível construir barragem de maior porte no leito do Verde Grande, o projeto de transposição de água do Rio Congonhas para o Verde Grande resolverá parcialmente, o problema, “pois jogará dois litros por segundo no seu leito”.
Pesquisa levanta potencialidades
O presidente do Comitê da Bacia do Verde Grande, Marcelo Brant, afirma que o estudo apontará as potencialidades e os pontos fracos e determinará o que deve ser feito, como barragens, vazão e matas ciliares, e onde as intervenções vão ocorrer. Segundo ele, a Barragem de Congonhas, como está no projeto, “resolverá o problema de Montes Claros”. Por isso, lideranças locais pretendem solicitar que seja remodelado, para que seja liberado 4,7 litros por segundo no Verde Grande, para atender as outras cidades banhadas pelo rio.
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