AGROPECUÁRIA
Crise. Frigorífico que está parado injetava, todo mês, de R$ 2 milhões e R$ 3 milhões na economia da cidade
JANAÚBA SENTE TRANCO DA CRISE
Cidade teme que o impacto da parada do Independência seja insuperável
JANAÚBA (por Zu Moreira) – Com a ameaça de fechamento do frigorífico Independência, Janaúba está esmorecida. A cidade do Norte de Minas, com cerca de 68 mil habitantes, teme os efeitos da crise no mercado da pecuária, que ameaça empregos e a própria atividade na região. Nas salas de aula do curso de administração da Faculdade Vale Gorutuba (Favag), comenta-se que a empresa injeta, todo mês, entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões na economia da cidade. No montante estimado estão incluídos desde os gastos com a folha de pagamento dos 840 funcionários diretos da empresa até a compra de produtos para a cesta básica fornecida aos colaboradores.
"É muito dinheiro que circula na cidade: atinge postos de combustíveis, oficinas mecânicas, o comércio e serviços", disse Michaell Jhonney Souza, um dos herdeiros de José Luis, dono da rede de supermercados Super Bom. O empresário também administra uma cerâmica e uma farmácia. Ao todo são 250 empregos diretos. "Só no supermercado, o frigorífico compra mais de R$ 100 mil, por mês, para montar a cesta básica dos funcionários", conta Michaell. O faturamento da rede varejista aumentou de 10% a 15% em 2008, na comparação com o ano anterior.
Parte do bom desempenho das vendas é creditado à presença do frigorífico na cidade. Na Favag, que também é da família Souza, a empresa fornecia bolsa de 30% da mensalidade para os empregados em busca de um diploma universitário.
A pecuária não é a principal atividade econômica do município, polo da fruticultura, localizado a 40 km do Jaíba, maior área de agricultura irrigada da América Latina. Porém, desde a chegada do frigorífico em janeiro de 2006, o perfil da cidade vinha se modificando. Localizada em uma área de 211 mil m², a planta recebeu cerca de R$ 40 milhões em investimentos para se tornar uma das mais modernas do país. A capacidade de abate é de 1.100 cabeças de gado por dia e está voltada para atender aos mercados da Europa e do Oriente Médio.
"Reabrir em Janaúba não estava nos nossos planos imediatos. Mas reabrimos antes mesmo que o Minas Carne tivesse sido lançado, porque acreditamos na parceria com o governo do Estado e com os pecuaristas. Ela nos deixa muito otimistas em relação ao futuro", comentava o vice-presidente do frigorífico Independência, Miguel Russo, em abril, durante lançamento do programa do governo estadual, que previa o aumento da competitividade de toda a cadeia produtiva da carne em Minas Gerais, "gerando empregos, atraindo novos investimentos e aumentando a participação do Estado no comércio internacional de carne".
Com o pedido de recuperação judicial, o frigorífico tem agora 60 dias para apresentar um plano de reestruturação para sua dívida de cerca de US$ 1,2 bilhão. O frigorífico Independência atua em sete Estados brasileiros e no Paraguai, com 12 plantas de abate e desossa, três curtumes, três fábricas de charque, cinco módulos de produção de biodiesel, com centros de distribuição em Cajamar, Itupeva e no porto de Santos. (Fonte: jornal O Tempo).
Comentários